Tubarão: Comerciantes reclamam de que medo atrapalha vendas

No dia seguinte ao ataque de tubarão ocorrido na Praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, onde a jovem Bruna Gobbi, de 18 anos, morreu após ter a perna amputada, o local teve pouca movimentação de banhistas na manhã desta terça-feira (23). Muitos, com medo de novos ataques, evitaram frequentar a praia e os comerciantes da orla sentem o prejuízo.

“O movimento tá muito fraco. Era pra ter muita gente por aqui”, afirmou a vendedora de bebidas Carmem Alves, que atua há 21 anos no ponto próximo onde aconteceu o ataque à turista paulista. A comerciante diz que nunca tinha visto esse tipo de acidente na área. “Já ouvi falar [de ataques] perto do [edifício] Castelinho, no [edifíco] Acaiaca e em Piedade, mas nessa área não”, falou Carmem.

O vendedor de bebidas Jailson Gonçalves também está sentindo a falta da clientela que costuma encher as cadeiras na areia da praia. “Hoje não vem muita gente não. Na hora que aconteceu o ataque o pessoal já foi todo embora”, lembrou-se. O comerciante diz que antes do ataque acontecer, os bombeiros avisaram às garotas para os perigos que corriam. “Na hora do acidente elas já estavam chegando nas pedras, os bombeiros falaram para elas saírem [da água].”

O casal Yara Montenegro Santos e Admaldo Santos é morador do bairro de Boa Viagem e costuma frequentar bastante a praia. “Fazemos caminhada e depois tomamos banho de mar”, explicou Admaldo. Sem saber do ataque, Yara entrou na água nesta terça. “Eu fiquei sabendo do ataque hoje. Fiquei apavorada, saí logo da água, Vou ficar mais vigilante, é toda a orla de Boa Viagem insegura, não tem alternativa”, lamentou.

As turistas de Alagoas vieram ao Recife para participar da reunião anual da Sociedade Brasileira Para o Conhecimento (SBPC) e aproveitaram a estadia na capital pernambucana para conhecer a praia. “Fiquei com vontade de entrar na água, mas fiquei chocada com o que aconteceu. O pessoal de Alagoas ficou ligando pra gente, para nos alertar”, contou a estudante Val Batista. “A gente achava que essa história de tubarão era um mito no Recife, que não aconteciam realmente tantos ataques”, disse a jovem Karlliane Moura.

Entenda o caso
A turista paulista Bruna Gobbi, 18 anos, foi mordida por um tubarão na tarde de segunda-feira (22), na praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, na altura do edifício Castelinho. Ela chegou a ser socorrida, teve parte da perna amputada – cerca de 15 centímetros acima do joelho -, mas morreu por volta das 23h30 do mesmo dia no Hospital da Restauração, na área central do Recife. Bruna foi a primeira mulher a morrer após ser mordida por um tubarão no estado desde que ataques começaram a ser contabilizados pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit).

Na manhã desta terça (23), o corpo de Bruna Gobbi está sendo submetido a uma autópsia no Instituto de Medicina Legal (IML), no Recife. Um tio, Davi Leonardo Alves, que mora em Olinda, está no IML. A estudante visitava o Recife pela primeira vez – passava férias com a família. Ela chegou na última quinta (18) ao estado e voltaria para a capital paulista na próxima quarta (24). Bruna estava na praia de Boa Viagem com a mãe, a avó, primos que moram em Olinda e uma prima, Daniele Souza Gobbi, que estava no mar com ela, mas não foi atacada. “Sabíamos que havia riscos de ataque, mas eu não achava que seria tão no raso, e sim no fundo”, comentou Daniele.

Fonte: G1

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