BLOG

Luciana Caetano: ‘AL se desenvolve a passos lentos’

Comentando os números do Brasil, a economista e professora da Faculdade de Economia da Ufal Luciana Caetano diz que, após a pandemia, entre os anos de 2020 e 2021, tivemos em 2022 uma suave recuperação, mantida em 2023, com alguns indicadores projetando ainda mais otimismo.

“O mais importante é que o país vem ganhando fôlego na recuperação de suas forças produtivas, apesar da oscilação sazonal de alguns setores, a taxa de desocupação vem caindo desde 2020, apesar de não se refletir em recuperação do poder de compra da população”, anota.

Segundo ela, “boa parte das novas ocupações é compatível com baixos salários e elevado grau de precarização. Pelos dados da RAIS, constata-se uma significativa elevação de contratações por tempo determinado, assim como contratação de trabalho intermitente”.

Por isso, de acordo com a economista, o maior desafio do país é dar um salto tecnológico porque isso influencia a balança comercial- ela se torna menos dependentes das flutuações das commodities e as terras brasileiras podem ser voltadas mais e mais para abastecer o mercado doméstico não tanto para exportação.

É uma conta simples: mais terras voltadas ao abastecimento do país, preço dos alimentos estável, mais acesso a comida.

“A isso, deve ser associado uma política efetiva de reforma agrária capaz de atenuar a concentração da terra e a expansão da produção agrícola com efeitos sobre os preços dos alimentos. O Brasil é um país com elevada extensão de terra onde grande parte da população sofre com a insegurança alimentar”, analisa Caetano.

“O governo deveria ficar menos preso à meta de superávit primário ou redução da dívida líquida e apostar na expansão do gasto público, investindo sobretudo em ciência e tecnologia, o que implica elevar e não reduzir os mínimos constitucionais para a educação. É preciso rever o atual arcabouço fiscal que ainda engessa a economia nacional ao invés de assegurar estabilidade, como alguns acreditam”, afirma.

E sobre Alagoas? Apesar de apresentar taxas de desemprego muito mais elevadas que a média nacional e ainda apresente, em algum ano, taxa de crescimento do PIB maior que a média nacional, “seu PIB per capita é tão baixo, que essa variação esporádica de crescimento do PIB em nada se reflete na qualidade de vida da população”.

Por que? “Nosso PIB per capita fica pouco acima de 50% do PIB per capita nacional, o que se reflete na renda média do trabalho (…) Com brutal concentração de terra nas mãos de poucos latifundiários, grande parte da terra é destinada ao plantio da cana e boa parte da produção que abastece o mercado local vem de outros estados. Em resumo, o estado se desenvolve a passos muito lentos, mantendo sua participação de 0,8% no PIB nacional há mais de 3 décadas. E os indicadores que avançaram estão vinculados a recursos oriundos do governo federal, a exemplo da redução da extrema pobreza atrelado à transferência direta de renda e ao programa habitacional”, explica.

Já a Secretaria da Fazenda disse que “não comenta estudos realizados por outras instituições sem prévia avaliação, uma vez que estes refletem projeções baseadas em metodologias e políticas adotadas pela próprias instituições”.

Também informou que “a Sefaz prefere concentrar seus comentários apenas em estudos realizados internamente pela secretaria ou naqueles encomendados a consultorias especializadas contratadas pelo órgão”.

A Secretaria Municipal da Fazenda em Maceió não quis comentar os números.

SOBRE O AUTOR

..