Odilon Rios
Do Repórter Alagoas
Para onde foi o dinheiro das enchentes registradas em junho do ano passado em Alagoas?
O assunto foi levantado pelo deputado Judson Cabral (PT)- da oposição- ao deputado João Henrique Caldas (PTN)- que disse levar o assunto ao Governo- mais especificamente a Secretaria de Infraestrutura.
A oposição quer saber quanto veio do Governo Federal e quanto o Governo do Estado aplicou nas cidades atingidas pela tragédia.
Uma pesquisa realizada pelo Repórter Alagoas mostra que a União liberou R$ 450 milhões, em 2010- sem contrapartida local- para os cofres do Governo estadual. Em pleno período eleitoral, R$ 250 milhões vieram em duas parcelas- direto para a Secretaria de Infraestrutura.
O primeiro depósito (dos R$ 250 milhões) foi feito em julho- um mês após o caos. R$ 200 milhões.
O segundo depósito veio em outubro: R$ 50 milhões.
A Coordenadoria Estadual da Defesa Civil recebeu R$ 200 milhões. Dinheiro que deveria ser para o “Restabelecimento da normalidade no cenário de desastres”, segundo rubrica da União.
Isso é o que diz o papel. Na prática, o promotor Tácito Yuri- de União dos Palmares- descobriu que parte das verbas das enchentes ajudaram a abastecer campanhas eleitorais- inclusive de um deputado, cujo curral político está em União.
O prefeito de Santana do Mundaú foi afastado do cargo. Até combustível das carreatas era bancado com verba da Prefeitura.
Lembre-se: a Prefeitura de uma das cidades destruídas pelas cheias.
Alguns bombeiros militares se envolveram ano passado em um dos maiores escândalos da instituição: o desvio de donativos das enchentes e, logo depois, em dezembro, a queima de outros donativos. Uma ação criminosa- conforme constatou o MP- levando a responsabilização do comandante do CB, Neutônio Freitas.
Segundo o MP, ele e a direção da Defesa Civil sabiam das condições do galpão cedido pela Coorperativa dos Produtores de Açúcar e Álcool, no bairro de Jaraguá, ra proteger o que seria distribuído. E poderiam ter evitado, em outubro, as chamas que voltaram a abalar parte do CB.
Para encerrar, os moradores que perderam tudo ainda estão em barracas e comem três quentinhas por dia porque a construção de casas caminha a passos lentos- lentos demais. Apesar do Governo do Estado dizer o contrário.
A prática mostra mais que a teoria.
E a teoria do dinheiro não é conspiratória. Até onde se prove o contrário, é difícil de acreditar que os R$ 450 milhões tenham chegado às famílias que perderam tudo nas enchentes de julho.
E ajudaram a festejar em carreatas o uso de verba pública. Otensivamente alimentando a miséria dos mais miseráveis.