Falta d’água até quando?

Ricardo Lima 

Água é vida e um direito dos cidadãos! No mês em que se comemora o dia internacional da água (22 de março) vivi algo que se opõe à lógica. Mas como sempre digo, é bom exercitar a memória, pedra que afia o senso crítico, para só então relatar o ocorrido.

Foi em setembro de 2020 que o então governador Renan filho, atual Ministério dos Transportes do Brasil, realizou o leilão de privatização da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), o lance vencedor foi o da empresa BRK Ambiental, pertencente ao fundo de investimento canadense Brookfield Asset Management. O valor da transação ficou em R$ 2 bilhões pagos sob acusação de inconstitucionalidade e processo que exigia repasse imediato desse valor para os municípios da região Metropolitana de Maceió.

Que fim levou o embate? O mesmo de sempre! A BRK iniciou sua exploração da distribuição de água e esgoto em Alagoas em 2021 prometendo um serviço de qualidade, porém, o que se viu foi uma falta d’água interminável, água barrenta e um acúmulo de mais de 12 mil reclamações provenientes de consumidores insatisfeitos com os serviços prestados, exemplo claro do porquê não se deve privatizar serviços essenciais.

Mas como eu havia dito, uma vez afiado o senso crítico, vamos ao caso. Desde janeiro desse ano, que vários bairros da parte alta de Maceió vem enfrentando escassez de água. Ao ligar para empresa BRK e questionar sobre o motivo, a atendente veio com a explicação de praxe: “houve um rompimento de uma adutora e está sendo realizada a manutenção de forma mais ágil possível, senhor”. Sem ligar para essas indefinições pronominais que nada dizem decerto, questionei sobre prazo previsto para o fim dessa manutenção e escutei algo chocante: “Nossa equipe está agilizando ao máximo a manutenção e o prazo fornecido pelo sistema é até o dia 05 do 12”.

Incrédulo com a resposta e acreditando que havia ouvido errado, perguntei: dia 5 de dezembro? — “sim, senhor, no dia 5 de dezembro, mas pode ser antes.”

Nesse momento senti tal inquietação que minha única reação foi cair na risada. Não bastassem as tarifas desproporcionais ao consumo, a qualidade duvidosa da água e as respostas evasivas, ainda tinha que enfrentar um tempo totalmente desproporcional a qualquer tipo de serviço!

A única solução viável, nesse caso, é procurar a unidade de atendimento da BRK para solicitar o abastecimento por carro-pipa, até que tudo se resolva. Fica aqui essa lição: privatização de serviço essencial como o fornecimento de água, luz, saúde e educação, não favorece a população, serve tão somente para enriquecer empresas sem empatia, que visam apenas o lucro imediato.

.