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Em cena, a desestruturação da violência estrutural de Renan Filho

Discurso banal em Alagoas essa violência estrutural, onde os que falam bem, associam o alto índice de descompensação social que mantemos como causa da dor que descerra os dias nas periferias e rincões interioranos, de onde a morte insiste em não sair.

Chamemos as tais descompensações de má educação, ou seja, aquela oferta insuficiente na demanda, qualidade, êxito cognitivo, instrumentação didática, estrutura predial;a educação alagoana, na capital, no interior, abarcando as modalidades existentes sob a responsabilidade do poder público. Pelo que sabemos esta área não melhorou ainda.

Onde dói na carne, é a saúde, área extremamente crítica, seja ambulatorial, de intervenção e até na preventiva; somos povo doente, sem guarida, engolindo “sapos” no tratamento mau feito, pela necessidade de uma vacina, curativo, medicamento injetável, e verdadeiras múmias submetidas ao fatídico corredor do HGE, o qual não posso esquecer, pois os dias que passamos nele agigantam-se na agonia da dor, medo, expectativa, perda de parentes e amigos. Infelizmente, essa área não avançou um milímetro ainda.

Temos problemas crônicos de moradia. Exceto quando ocorrem calamidades, não existem políticas habitacionais, de incentivo, benefício algum. Tema encerrado.

Mobilidade social é atravancada à subjetividade, que por sua vez é traduzida em subserviência, para destacar nosso rumo “sub” como condição de crescimento sob as bençãos políticas de alguém, e fora desse atalho, o desemprego, o subemprego, o horizonte cinza da desesperança. Relações feudais nos tomam pelas mãos em estilo repugnante aos que buscam sobre a escória, a sobrevivência. Limite de acesso, controle da renda, do consumo. Manutenção da pobreza.

Mas Alagoas virou palco de mágica no governo de Renan Filho: conseguiu melhorar, de acordo com os dados do próprio governo, uma única área, a Segurança Pública!

Parabéns então ao governador que conseguiu manter analfabetos, doentes, sem-tetos, desempregados e subempregados distantes da morte de cada dia, segundo dizem.

Aproveitamos o espaço, apenas, para lamentar as mortes juvenis que continuam a manchar de sangue o litoral norte do estado, preservando as características de crueldade conhecidas, tipo o sequestro do lar, a carbonização, o tiro na testa, a queda das possibilidades, o envergar de mais famílias sob a dor e a vergonha… em silêncio.

Já que a violência antes estrutural de Alagoas, está desestruturada, talvez justifique o investimento maciço de um governo na imagem heróica de um secretário. Mas em verdade precisamos de uma gestão humanizada, dialogizada, criando pontes com as pessoas reais, no objetivo nobilitante de construir outra realidade, na qual as cenas de horror não precisem ser escondidas atrás das cortinas.

Que novas cenas ocupem este palco.

Uma resposta

  1. Gostaria se possível de saber quem foi o brilhante jornalista ou blogueiro responsável por esse brilhante texto, para entrar em contato com o mesmo e parabeniza-lo. Colocações extremamente pertinentes, a respeito de um problema tão complexo e que não se escondem atrás da frieza e da imprecisão dos números. Essa é uma discussão importante e que carece do envolvimento de todos os segmentos: Governos, imprensa, sociedade e também da Universidade, essa última que é o grande espaço do saber.

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