Do Bugio para o mundo: a história de um Master Chef sergipano

Antônio Carlos Garcia– SOS Sergipe

Pode parecer uma frase comum, um clichê, mas, nesse caso, fugir é impossível dela: do bairro Bugio, em Aracaju, para o mundo. Esse foi o trajeto do aracajuano Rogério de Oliveira Costa, que há 15 anos mora em Londres onde pilota, como máster chefe, o Rogerio’s Brazilian Kitchen, um buffet que oferece aos londrinos e estrangeiros, o melhor da cozinha brasileira na Europa.

Rogério, que nasceu “há algumas décadas”, sempre foi um cidadão inquieto. Um dia resolve ir para o Rio de Janeiro, cidade que sonhava conhecer, e lá trabalhou como ajudante de pintor. Depois retornou a Aracaju e teve a oportunidade fazer um curso de culinária no Senac (Serviço Nacional do Comércio), com o apoio de algumas pessoas, entre elas a então deputada estadual Susana Azevedo (hoje conselheira do Tribunal de Contas do Estado), com quem trabalhava na época. “No Senac, tenho lembranças do professor Enildo Ramos dos Santos, gente muito boa e que me ensinou muito”, recorda.

Já próximo a terminar o curso de culinária, Rogério estava decidido a voltar ao Rio, quando conheceu uma senhora, cujo marido trabalhava embarcado. “Fui apresentado a esse rapaz que meu deu o cartão e quando fui para o Rio novamente, segui para Macaé já indicado”, disse. Até então, ele não tinha nenhuma pretensão de sair do Brasil, mas o contato quase diário com estrangeiros – americanos e ingleses, principalmente – o fez acalentar o sonho de viver na Europa.

Depois de muitas conversas, já que o trabalho em navios em Macaé (RJ) lhe proporcionava conhecer estrangeiros, eis que com nada nas mãos, mas com determinação e sem falar nenhuma palavra em inglês, ele decidiu ir para Londres. Essa preparação teve o apoio de uma instituição da Igreja Católica inglesa, que tinha uma filial no Rio de Janeiro. “Foi um apoio moral”, conta Rogério ou Roger, como é conhecido entres os ingleses e como ele se apresenta no site – http://rogeriosbraziliankitchen.com – ao mostrar os serviços que oferece aos clientes.

Quando chegou a Londres, ele se comunicava por mímicas ou ia nos lugares onde existiam brasileiros para ajudá-lo. Na época, ele tinha um amigo brasileiro que já morava na capital londrina e isso o ajudou a, inclusive, arrumar um emprego num café, onde lavava pratos.

Para sobreviver em Londres era preciso aprender a língua e ele entrou numa escola. “Mas a verdadeira escola, mesmo, era o dia a dia. As pessoas que eu ia conhecendo me ensinavam o básico. Somos obrigados a aprender o idioma, caso contrário, não se sobrevive lá”, alertou.

Moqueca – Depois do trabalho no café, Rogério passou a trabalhar com renomeados masters chefs ingleses, a exemplo de Thomas Whitaker e Dhru Baker, este último campeão Master Chef em 2010, enquanto o outro foi finalista em 2011. Foi no restaurante de Thomas que Rogério foi trabalhar e onde fazia de tudo, a começar pela limpeza. Com o passar do tempo, o ajudante de Whitaker saiu e Rogério, como já era cozinheiro, foi ser ajudante de cozinha.

Um dia, Whitaker recebeu a encomenda de uma cliente para fazer uma moqueca e perguntou se Rogério sabia fazer. “Eu fiz e a madame gostou. E ela indicou esse prato para outra pessoa que ia trabalhar num festival de verão, e o pedido foi coxinha, rissole, canapés. Eu fiz, e o dono cobrava uma fortuna por uma coxinha, mas eu não sabia disso”, afirmou.

“Mas foi um sucesso. Essa madame continuou fazendo pedidos, e o dono do restaurante resolveu abrir o buffet Rogerio’s Brazilian Kitchen. Foi tudo ideia dele, todos os méritos dele. Eu dava instruções, fazíamos o design dos pratos. Mas com o tempo foi ficando difícil ele acompanhar o projeto, pois ele já estava indo para um maior. A parceria chegou a fim e eu continuei gerenciando o negócio sozinho”, explicou.

O buffet Rogerio’s segue em frente e Roger não tem nenhum projeto para voltar ao Brasil. Assim que retornar para Londres, ele já tem encomendado um jantar para fazer no sul da França. Então, bom apetit!!

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