Cooperação internacional e interdisciplinar garante pesquisas de alto nível em computação científica

Lenilda Luna – jornalista

O Centro de Pesquisas em Matemática Computacional (CPMat), da Universidade Federal de Alagoas, está recebendo, este ano, o físico Osvaldo Aníbal Rosso, especialista em análise de sinais utilizando ferramentas oriundas da Teoria da Informação. O pesquisador argentino vai trabalhar junto ao Laboratório de Computação Científica e Análise Numérica (LaCCAN ), com bolsa de pesquisador visitante sênior nível I do CNPq.

Osvaldo Aníbal Rosso tem mais de cem artigos publicados em periódicos internacionais, indexados, e um fator H número 22, indicando que suas publicações foram citadas em várias outros artigos científicos. “Provavelmente, o professor Osvaldo é hoje o pesquisador com o mais alto índice de produtividade científica atuando no campus da Ufal, o que para nós é uma ótima oportunidade de qualificar a produção do nosso centro de pesquisas e capacitar nossos pesquisadores”, destaca Alejandro Frery, pesquisador do CPMat, que está recebendo o professor argentino.

O professor visitante possui mestrado e doutorado em Física pela Universidad Nacional de La Plata, Argentina. Fez pós-doutorado na Forschungzentrum Jülich GmbH (KFA), Jülich, Alemanha. Foi pesquisador visitante na Sezione Di Cinematografia Scientifica (CNR), Bologna, Italia, e atuou junto ao Instituto de Pesquisas Médicas, na Austrália. Atualmente é membro do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas , na Argentina.

O físico desenvolve pesquisas ligadas à análise de séries temporais, dinâmica não-linear, teoria wavelet, teoria da informação e suas aplicações às áreas da Biologia e Medicina. “É muito importante compartilhar essas experiências com colegas de outros centros. Atualmente, todas as grandes pesquisas científicas são desenvolvidas a partir de cooperações internacionais. Estas redes de pesquisadores são essenciais em teoria da informação, que tem aplicações em várias áreas de conhecimento”, considera o pesquisador.

Segundo Osvaldo Rosso, essas tecnologias da informação são essenciais para cidades cada vez mais interligadas. “Por exemplo, na malha de aviação, as rotas áreas são interdependentes tanto no âmbito nacional como internacional. Para evitar acidentes e atrasos é preciso contar com uma rede de comunicação bastante avançada. Podemos estudar sistemas que detectem os nós, ou seja, locais de maior tráfego onde uma falha cria um efeito cascata que compromete todo o sistema”, explica Rosso.

Os artigos científicos publicados pelo professor Osvaldo Rosso abordam desde o campo da economia até a medicina. O pesquisador, por exemplo, fez uma a análise do comportamento do mercado na comunidade européia, durante a crise financeira dos últimos anos, utilizando conceitos da teoria da informação, e também colaborou com o instituto de pesquisas médicas da Austrália. Entre os vários artigos neste campo da medicina, o professor estudou como distinguir pacientes infantis com epilepsia pela análise da atividade elétrica cerebral. “Esses exemplos demosntram as várias possibilidade de aplicação dos estudos desenvolvidos em Matemática Computacional”, ressalta Rosso.

Pesquisas colaborativas

Um exemplo de trabalho colaborativo entre várias instituições para desenvolver pesquisas de alto nível é o SensorNet, sediado na Universidade Federal de Ouro Preto, com a participação de pesquisadores da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica, de Manaus, e do Instituto de Computação da Ufal. O grupo se dedica a analisar sensores sem fio, com capacidade para monitorar fenômenos e reportá-los à uma rede de comunicação. “Estes sensores tem larga possibilidade de uso, desde o controle de trânsito nas grandes cidades, alarmes de incêndio automáticos e construção de prédios inteligentes, que economizam energia, sem falar nas possibilidades em Medicina”, destaca Alejandro Frery.

Dentro desse contexto de parceria entre instituições de pesquisa, o Instituto de Computação da Ufal participa, desde o ano passado, de uma rede com 21 universidades brasileiras que estão desenvolvendo tecnologias para cidades inteligentes . A proposta é construir uma infraestrutura de instrumentação, computação e comunicação para viabilização de um banco de dados, alimentados por sensores sem fio para alcançar maior eficiência no funcionamento dos aglomerados urbanos.

São tecnologias para o dia-a-dia, como dispositivos que detectam se está acontecendo um incêndio e acionam alarmes, ou porteiros eletrônicos que reconhecem moradores de um prédio, ou equipamentos que avisam aos motoristas sobre as ruas mais engarrafadas nas cidades e alternativas de rotas, além de acionarem os órgãos de trânsito para solucionarem os problemas.

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