Delegada, sobre atentado contra juiz: 'investigação é complexa'

O que dizem as investigações de 2009? “O caso foi encerrado sem autores, em 2009. Agora, estamos em uma nova linha de investigação”

Em 2011, a delegada Scheila Carvalho- atendendo a pedido do Ministério Público Estadual (que foi provocado pelo juiz Marcelo Tadeu)- assumiu o caso. Mas, ela mesma admitiu que as investigações do crime são complexas. “O crime foi em 2009 e estamos em 2012”.

A primeira pergunta: o que disse o exame de balística, das balas retiradas do corpo de Nudson? “Não foi feito exame de balística. Porque não encontramos a arma, que era uma pistola ponto 40. Arma de uso da polícia”.

O que dizem as investigações de 2009? “O caso foi encerrado sem autores, em 2009. Agora, estamos em uma nova linha de investigação”.

Neste ponto, há um dado relevante- que não foi dito pela delegada: a arma do crime, a pistola ponto 40, estava no 59o Batalhão de Infantaria Motorizada- a sede do Exército, no bairro do Farol. Lá, ficava um paiol do Tribunal de Justiça, para que armas que constavam em processos fossem protegidas. O Exército deveria ser o local mais seguro de Alagoas.

“Está citado, na investigação, que esta arma saiu do 59o BIMTz. Mas, não quero entrar em detalhes”, disse a delegada.

E a linha de crime passional? “Essa linha já tinha sido esgotada na época”, disse.

Segundo a delegada, há duas pessoas de fora de Alagoas que estão incluídas nas investigações. A polícia tenta localizá-las, mas Carvalho não entra em detalhes.

De acordo com a ela, a segunda linha de investigação- aberta a partir das informações levantadas pelo juiz Marcelo Tadeu e repassadas à polícia- está na Justiça. A delegada pediu mais prazo, “aquilo que for concedido” para que o crime seja esclarecido. “É uma investigação complexa”.

O crime corre risco de impunidade? “Como delegada, procuro fazer com que qualquer crime tenha solução, independente da vítima. Trata-se de uma vítima. É lamentável deixar uma pessoa ser responsabilizada por um crime de homicídio. Não gostaria de deixar este crime impune. O que for possível de ser fazer, vai ser feito”.

Contatado, o presidente da Associação dos Magistrados de Alagoas (Almagis), juiz Pedro Ivens, disse que não se pronunciaria sobre o caso. Através da assessoria, contou que “não há nada oficial sobre o caso”. A assessoria foi avisada do ofício enviado, pelo Ministério Público Federal, à Procuradoria Geral da República, relatando detalhes sobre o crime e o envolvimento de um integrante do Tribunal de Justiça. A assessoria insistiu: “Não há nada oficial sobre o caso”.

Assassino “ajudou” a revelar um caso de propina, mal explicado

Citado como a pessoa contratada para matar Marcelo Tadeu, Wendell Guarnieri era assaltante de banco- beneficiado, em Imperatriz, no interior do Maranhão, pela policia na delação premiada, após ajudar a polícia a desbaratar grupo de assaltantes, que também traficava drogas e armas.

Veio para Alagoas incluído no Programa de Proteção às Vítimas e Testemunhas (Provita). Na época, a promotora Marluce Falcão- vice presidente do Conselho do Provita- desligou Guarnieri do programa. Ele teria recebido R$ 20 mil para matar “um figurão” da sociedade alagoana. O figurão era o juiz Marcelo Tadeu. Para o crime, recebeu o dinheiro, a pistola ponto 40 e uma moto.

Wendell foi preso e aceitou colaborar em uma outra investigação. Grampeado, ajudou a revelar esquema de pagamento de propina ao delegado Eulálio Rodrigues e ao escrivão Carlos Minim, através do pastor Saulo Oliveira, advogado, que era marido da promotora Marluce Falcão. Todos foram presos, menos Saulo, que fugiu, e a promotora, que teve pedido de prisão negado pelo chefe do Ministério Público Estadual, Eduardo Tavares Mendes.

Os detalhes do “grampo” nunca foram bem explicados pela Polícia Civil, que sempre alegou que as investigações corriam em sigilo. Saulo Oliveira morreu em maio do ano passado, durante uma partida de futebol, após passar mal.

Wendel foi solto novamente. Uma semana depois, o advogado mineiro apareceu morto.

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