Principais vítimas da recessão são jovens

Students hold placards reading "This Government of precariousness lacks legitimacy" (L), "We want more education" (C-top), "Youth unemployment 40 percent" (R) and "Government Out" as they protest against government's austerity measures while Portugal's Prime Minister attends a conference at the Law University of Lisbon on February 27, 2013. Demonstrators gathered at the University today to protest against government's austerity measures imposed by the so-called Troika of public creditors -- the European Union, the European Central Bank and the International Monetary Fund. AFP PHOTO / PATRICIA DE MELO MOREIRA
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As principais vítimas da recessão da economia foram os jovens entre 18 e 24 anos, segundo dados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mês passado, atingiu 20,8%, quase o triplo do resultado do país, de 8,2%, e 1,9 ponto percentual mais alta do que a registrada na comparação anual de janeiro, quando ficou em 18,9%. Em fevereiro de 2015, a desocupação entre os jovens estava em 15%.

“Historicamente, as taxas de desemprego sempre foram mais altas nessa faixa etária. É um fato conjuntural. Porém, no momento em que o mercado de trabalho como um todo não está favorável, o problema se agrava”, destacou Adriana Beringuy, técnica de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Caio Gabriel Ferreira da Silva, 23 anos, está sem emprego desde 2014, quando deixou o quartel. Ele era soldado da Aeronáutica e achava que conseguiria arrumar rápido uma outra colocação. Na época, a taxa de desocupação ainda era favorável, de 4,8%. Daí em diante, degringolou. Fechou 2015 em 6,8% e, nos dois primeiros meses de 2016, situa-se em 7,9%. Sem conseguir colocação formal, fez bicos de segurança e em alguns escritórios. “Fui pego de surpresa. Achei que seria fácil retornar ao mercado. Não imaginei que a situação pioraria tanto. Estou agora cursando a faculdade de recursos humanos, tentando me qualificar para enfrentar o que vem por aí”, disse.

O analista financeiro Jonas José, 24, trabalhava desde os 18 anos, como terceirizado da Caixa Seguros, no setor de controle. Foi um dos dispensados quando a empresa decidiu cortar gastos. Há três meses, busca um novo emprego. “No início, eu estava tranquilo, achando que não ia demorar nessa procura. Mas já estou ficando preocupado, o dinheiro está acabando. Tento todas as alternativas. Agora, estou estudando para concurso”, destacou.

Nem para estágio os jovens têm sucesso. Paula Villela, 20, estudante do sexto período de ciências contábeis na Universidade de Brasília (UnB), há seis meses tenta uma vaga. “Pesquiso sites e já fui a várias entrevistas. Quando consigo conciliar o tempo com os estudos, a resposta é a mesma: aguarde que entraremos em contato”, ironizou.

Também sofreram com o desemprego as pessoas entre 25 e 49 anos (7,1%), e de 50 anos ou mais (3,4%). Nos últimos 12 meses, considerado o mês de fevereiro, mais 565 mil pessoas deixaram de ter carteira assinada no Brasil, uma alta de 39%, em relação ao período anterior. A população desocupada atingiu 2 milhões de pessoas, um crescimento de 7,2% em relação a janeiro — 136 mil pessoas a mais. De acordo com o IBGE, a população ocupada, no país, foi estimada em 22,6 milhões.

A PME é feita nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Esta foi sua última edição, após 36 anos.

Fonte: Correio Braziliense

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