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Sou dos riscos de pensar a esquerda

É quase proibido falar, mas não sou condescendente com proibições.

A esquerda também carrega seus dramas.

Termos que debulhar letras cuidadosamente para não sermos confundidos com os golpistas enquanto desfiamos análises é um deles, mas a emergência da palavra corre riscos, sempre corre.

Observamos aqueles que despencaram nas fileiras da história em lutas básicas previstas na voz marxista, a quem reverencio com gratidão e respeito, não importa o quanto o tempo e a voracidade dos modismos a isolem, entre outros que não interpretam o que a voz diz, mas ouvem a si mesmos em necessidades prementes e contemporâneas, trazendo frenesi para a conquista de espaços.

As vertentes se abrem em galhos, mesmo quando estes se distanciam da raiz.

Não há certo nem errado no processo social e histórico de conquistas, mas algumas sequelas são inevitáveis.

Nosso objetivo não é discorrer sobre feitos e faces, mas perceber o quanto este ritmo de pouco pensar e muito sentir está dificultando a ocupação efetiva de lugares conquistados, onde tantas repartidas lutas não dialogam, gerando bolhas satisfeitas com os próprios ecos.

A política da comoção não muda estruturas blindadas!

Nem mesmo a vazão momentânea das mágoas seculares mudam a história comum, pois este nível de transformação é o coração do poder, que nos deu essa imensa corda onde tantos estão emaranhados, sem conseguirem alçar o sonhado voo, porque o compreendem solo, mas precisa ser coletivo.

Alerta para estas caudalosas águas teóricas vindas do Norte, reservo ao olhar o direito de não afogar.

Tantas comoções diárias vividas na sala de casa, com um aparelho na mão, podem nos consumir saúde e força real de transformação.

Pressinto armadilhas nas vozes que embotam a razão.

Analiso a imensa sede como energia potencial de adesão a alguma forma traçada de prisão, e recuo.

A luta pela vida deve ser bonita, mesmo quando enterramos nossas sementes, jamais perdemos a esperança no futuro. É assim, paciente e observadora, crítica e analítica, mas amorosa, que finco a meia idade neste chão de propósitos comuns, embora diversos.

Contudo, sou fibra frágil e delicada da raiz marxista que me fortalece e alimenta.

Faço odes ao pensar.

Recuso lacrar.

SOBRE O AUTOR

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