Quantos Baobás serão necessários para sanar o racismo ambiental em Maceió?

Baobá em Recife, capital de Pernambuco. Foto: Divulgação/Prefeitura de Recife

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o índice mínimo de 12 m² de área verde por habitante no contexto urbano. Sem Plano de Arborização Urbana, conforme indica o plano diretor de Maceió, que deveria ter sido atualizado em 2015, a Autarquia Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Limpeza Urbana (ALURB) anunciou a intenção de criar um Parque dos Baobás para potencializar a produção da memória, histórias e resistência negra.

Na capital, uma maioria negra vive em periferias e contextos urbanos precários. Em 2021 a proporção de pessoas pobres entre pretos e pardos (53,6%) é maior que entre os brancos (47,1%) em Alagoas. E não há dúvidas que isso se reflete no ambiente em que vivem, nas vulnerabilidades ambientais e insalubridade que precisam lidar. A proposta é, no mínimo, inusitada.

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Os bairros ocupados majoritariamente pela população negra são os mesmos bairros onde há menor investimento em infraestrutura. A prova disso é que famílias negras são as que mais sofrem com a chegada das chuvas e sempre clamam pela resolução dos mesmos problemas urbanos há anos, vide o caso da Brejal.

Mas de acordo com a Autarquia, o plano é criar um espaço afro-cultural de convivência, aos moldes do que já existe em Recife, como uma dinâmica de ressignificação do espaço urbano.

Ainda não foi dito onde este Parque será construído, que bairros seriam contemplados e que proposta de ressignificação é possível em uma cidade marcada pela segregação por cor da pele, pela religião e pelos traços culturais que remetem a ancestralidade negra.

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