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Opinião: Evangélicos mentem, mas não são os únicos

Alain Oliveira -e evangélico
Não é novidade que evangélicos propagam fakenews. São todos? Não. São os únicos que fazem? Também não. Mas os que fazem, fazem de maneira convincente e alcançam seus objetivos.
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Houve um tempo em que se falava sobre uma suposta entrevista da banda Catedral ao Jô Soares, onde eles negavam que eram evangélicos por três vezes e logo após ouviam do Jô que fez a mesma pergunta por três vezes por ter sido esse o número de vezes que Pedro negou a Cristo. É bem fácil achar quem já ouviu essa, difícil vai ser achar o vídeo com a entrevista. Quem também nunca viu a história dos ovos no porta malas do carro que ficaram intactos após deus matar os jovens que riram dele?
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São centenas de mentiras que sempre foram propagadas, e não seria num momento como esse que elas deixariam de ser reproduzidas. Mentiras como essas sempre têm pessoas como alvos a serem atingidos e possuem quase sempre uma trama que envolve medo e linchamento e se encontram uma ferramenta como o tal do “zap”, não poderiam ter melhor maneira de se espalharem.
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E por falar em Whatsapp, antes mesmo que ele fosse inventado a eleição de 1989 foi ganha tendo como uma das estratégias o uso da mentira, quando entre os evangélicos corriam histórias sobre fechamento de igrejas e perseguição religiosa lideradas por Lula, provando assim que não importa o canal, elas já existem no meio evangélico há muito tempo.
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Bastava uma roda de conversa e logo surgiam assuntos mirabolantes. Lembro de ouvir quem seria a besta, mas isso não era exato. A besta era o destaque do momento, que podia ser o Papa ou Bill Gates. Lembro também que para a história dos ovos bastava abrir o e-mail e lá estava na sua caixa de entrada. Como nos moldes atuais, era pedido para que aquele e-mail fosse repassado para outras pessoas. Acreditem: eu ouvi essa coisa como ilustração de pregação em culto de domingo.
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Nos últimos dias ouvi dois áudios que me causaram indignação. A pretensão de quem falava no primeiro áudio era tanta que foi capaz de estabelecer o surgimento exato do vírus, algo que até a ciência ainda não fala com exatidão. Pra você entender o tamanho da mentira a pessoa dizia que China comprou o norte da Itália e enviou pra lá milhares de chineses doentes para espalhar o vírus pela região e agora quer comprar o nordeste brasileiro. Já o segundo, dizia que as máscaras que estão vindo da China estão contaminadas com o vírus para matar o povo do Brasil.
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São coisas absurdas. Algo que uma pessoa com o mínimo de senso de responsabilidade procura se informar e jamais iria passar adiante. Porém, estrategicamente palavras e termos como: irmão/irmã, comunismo, volta de Jesus, Bolsonaro e inimigo, são utilizadas. Discurso que atinge facilmente as massas e toma proporções gigantescas.
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Se já foi denunciado o gabinete do ódio, poderíamos também denunciar o pulpito do ódio. Estranho não é? Mas quando um líder religioso participa disso não faz outra coisa, se não propagar o ódio. Quantas fakenews temos visto sendo repassadas também por essas pessoas? Não é Malafaia?
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Tenho pensado em estrategias para combater esse mau, inclusive até pensei em achar outra banda gospel ruim (o que não seria nada difícil) para que eles inventem algo, mas logo me vem a mente que não importa contra quem seja, fakenews sempre será uma praga a ser combatida, e ela fará mal a quem dela for alvo.
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Sigo tentando mostrar a verdade através de links confiáveis, sempre que possível dialogo, mas nem sempre existe essa abertura, gente mau-caráter adora uma mentira.

Uma resposta

  1. Perfeita reflexão. Inclusive, muitos que se dizem cristão usam a mentira como base ideológica para oprimir o outro.

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