Entre extremistas conservadores e risonhos lacradores, o pensamento social progressista segue espremido, mas pode vigorar sempre que nos dispusermos a elaborar análises críticas sob o tino da maturidade política.
As influências de outras culturas sempre estiveram tumultuando o Brasil, mas perceber a intencionalidade de cada movimento pode ser escolha de um cientista social, quando este não se acostuma com a borda e propõe desvendar teoricamente o bastidor da intenção e o benefício da ação histórica.
O terceiro mandato do presidente Lula acontece em um instante diferenciado da história, por essa razão, qualquer análise sobre este momento político será delicada e exigirá equilíbrio para não tombar à direita nem alienar à esquerda, compreendendo que ambos os espectros hoje englobam mais características e intenções do que antes, quando tudo parecia mais definido.
O poder continua fazendo girar a fortuna e a miséria, mas espalhou dardos de confusão entre uns e outros, buscando arrancar vantagens de todos os lados.
Em momentos assim toda comoção pode ser perigosa. Principalmente quando o mundo do bitcoin lidera a ganância, agencia o modismo e nivela todas as personalidades históricas por likes e cliks.
Quem está jogando com quem? O resultado da partida será destinado a qual finalidade política e econômica?
Os discursos do presidente revolvem as bolsas lacrimais, emocionam, mas seu governo composto por alianças e influências lacradoras não passa confiança para aqueles que esperam políticas de transformação social.
Há uma ampulheta sobre o governo de Lula.
Passados os dias de euforia causada pela posse, precisamos sentir o alcance da governabilidade e Arthur Lira assumiu o papel de vilão institucionalizado com garbo, afirmando que representa o estilo feudal das unidades federativas, que elegem deputados a partir de cada prefeito, nos satélites municipais, sem precisar de democracia real.
A sombra bolsonarista há muito foi desprendida de Bolsonaro, e guia o PL na direção dos estados e municípios, onde a previsão de eleger prefeitos e vereadores alinhados às políticas de compra e venda será confirmada em 2024.
Inelegível mas livre, Bolsonaro estará flanando sobre palanques e enlouquecendo gritos de fanáticos na mitologia que compõe o hades político interiorano.
Vislumbramos a ausência do presidente Lula no país, entre o povo e a história, através das suas equipes de governo, que parecem ainda estonteadas pelos efeitos lacradores.
Por mais instigantes e necessárias que sejam as políticas internacionais, será dentro do Brasil que o futuro político que nos interessa urge ser fomentado.
Ao governo Lula nossa melhor torcida. Ao Brasil, nossas duras expectativas.