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Noite de quarentena

É porque esta noite parece mais escura e o risco incandescente neste céu indica raios, que precisamos enfiar a mão no arsenal de força que desde o nascimento transmuta medo em coragem, e segurar o lume com o pensamento.

Resistência ao silenciamento da poesia!

Hábitos são menos importantes agora. A transgressão ganhou contornos novos repentinamente, e nosso inimigo comum brinca de invisibilidade, um ferrenho mutante que nos roubou o frio do sereno, limitou o que já estava sendo limitado e atiça sentimentos contrários.

Rastrear o que iluminou antigas noites é a missão que nos compete neste rasgar de convicções. Nunca me senti tão perto de você, e nunca fui tão essencial para quem respira aqui por perto. É a unificação no palco do susto comum, traindo todas as expectativas de outrora.

Nada certinho, nada pontual, nada igual.

Realidade agressiva intimidando os sonhos, invadindo com grunhidos jogados para baixo do tapete; a fragilidade que vai descascando o recalque, mostrando a inutilidade de ser fútil nas noites de meio luar.

Tem que juntar muito querer, respirar bem fundo e amadurecer o último naco de infância que guardávamos como amuleto.

Uma mulher sem sorrisos, de rosto plácido e consciente pode erguer a mão e libertar esta poesia desnuda, de olho firme na direção do escuro perceber que a luz de ser quem somos nunca apaga. Nada apaga! A menos que permitamos.

Resolvida a não ceder, a mulher é criadora de iluminação mesmo quando refulgem os raios, os silêncios e as solidões.

A luz é ser quem somos.

Proteger a vida é defender a luz.

Já amanhece e seu rosto coletivo parte um pouco de esperança e distribui dentro de nós.

A vida pode ser generosa depois desse encontro. A senha para o reencontro é “nós”.

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