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Minha dor não precisa do seu deboche

Quando a terra for um recanto de mansidão, talvez revelemos a capacidade de usar nossa energia pessoal na estruturação do verdadeiro amor…Por hora, há mais empenho na manutenção dos palácios e proteção das hierarquias!

Eu não queria ter conhecido a dor. Eu não queria ter sentido sua ponta fria a penetrar meu peito e saber que nem mesmo todas as lágrimas que derramasse aos berros ou em silêncio seriam capazes de diminuir aquela sensação, entre todas a mais infeliz!

Mas foi assim comigo, da mesma forma que ainda é com todas as mães ajoelhadas diante da cruz infamante que lhe rouba o sorriso do filho. Mas a frieza da cruel experiência levou também na enxurrada de sofreres a busca frágil de aprovação do mundo, todas as vezes que puder escrever ou falar sobre a manutenção da violência que nos extermina em valor como espécie.

Porque nós ainda matamos para provar o quanto somos bons!

Fingimos acreditar em nós mesmos todas as vezes que em nome Deus e da moral cristã perseguimos, ameaçamos, executamos com o silenciamento aqueles que incomodam nossas consciências.

Mas nós acreditamos no amor! Porque sabemos que a única vertente de cura passa pelo toque dessa energia grande demais, para habitar nossos corações apaixonados por nós mesmos! Egóicos e louvadores da família que é a nossa. Centralizadores desse altar doméstico, nos afastamos dos templos coletivos, assim como outrora, no início das organizações civilizatória, escravizamos e fustigamos corpos subjugados, para preservar a família, a moral e os tais bons costumes, que até agora só serviram para justificar o mal proceder dos que se julgam santos.

Todos os dias há clamores, pedidos de misericórdia e nuvens de inclemência. Sonhos desterrados nas sarjetas que expõem a exclusão com a qual acostumamos a partilhar a vida, tomando suas vítimas como parâmetros para alimentar nossa arrogância.

Contudo, os semeadores trabalham no silêncio das manhãs e a escuridão germina o futuro na semente.

A pão e água, a esperança resiste. E os jantares lautos gritam a insaciedade das sociedades materialistas, reverberantes e artificialmente perfumadas.

Caminhemos, e quando encontrarmos as mãos alheias disponíveis, sejamos capazes de abrir as nossas! A roda da vida pode ser maravilhosa! A ciranda da fraternidade é uma aproximação bastante poética com o amor apenas pressentido, que mesmo ao longe nos faz tão bem!

Respeitemos os que lutam para viver, e se possível, travemos a cada amanhecer a luta pessoal para não exalar deboches e maus tratos, quando a incapacidade de humanizar a fala gritar alto demais.

Menos agressão, mais reflexão e amadurecimento, podem ajudar esse momento a ser menos infeliz.

Ah aquela dor…

 

 

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