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Lula nas ruas desafiará Bolsonaro a sair da condição de liderança decorativa?

Se Lula cumprir a promessa de andar pelo país, haverá um teste entre a popularidade dele e de Jair Bolsonaro.

O presidente não encara eventos abertos, com multidões. Sua presença em estádios de futebol, ao lado de Sérgio Moro, puxa um coro de vaias. É um risco assumido e, ao que parece, calculado com algum objetivo.

O que as ruas reservarão para Lula? Há uma diferença entre Lula preso e Lula solto. A campanha mundial para a soltura do ex-presidente é inédita na história do Brasil. Envolveu, indiretamente, o Papa Francisco e intelectuais como Noam Chomsky.

Mas, e ele solto? Os efeitos serão vistos nos próximos dias.

A julgar pelas redes sociais: no twitter, #Lula é o assunto mais comentado do mundo desde ontem, quando o STF derrubou a prisão em 2a instância.

A saída dele do prédio da Polícia Federal teve intensa movimentação da classe política e da imprensa mundial, em busca da primeira imagem dele fora das grades, como em 11 de fevereiro de 1990, quando Nelson Mandela deixou a prisão após 27 anos, na África do Sul, e as TVs transmitiam a primeira imagem do líder negro fora da cadeia.

Mandela, como se sabe, virou presidente. Lula uma presença nos jornais de todo o mundo. Veja o recado dele, ao deixar a PF, para o presidente (peronista) eleito da Argentina, Alberto Fernández:

“Quero que saiba que pode contar comigo no que for preciso para conduzir a Argentina em direção a resolver os problemas do povo pobre. Agradeço de coração a solidariedade que demonstrou me visitando na prisão. Deus abençoe o povo argentino!”.

Além disso, a celebração em torno de Lula se torna ainda maior à medida que Bolsonaro põe em dúvida a democracia ao comemorar a ditadura; põe em prática métodos autoritários que incluem perseguição e demissões contra jornalistas-críticos ao seu Governo e artistas cujo alinhamento não agrada ao chefe; propõe reformas de Estado sem a presença do povo e nenhuma participação do Congresso. O parlamento sendo apenas a caneta assinando o cheque em branco.

Afora o avanço da pobreza e do desemprego, ignorados pelo presidente bastante atuante no twitter. E só.

Lula livre movimenta todos os agentes políticos e até o Congresso, querendo acelerar propostas para mudar a Constituição e fazê-lo retornar para a prisão.

Problema é o papel de Bolsonaro: ele ainda é um clown decorativo. Sua irrelevância ficará ainda mais exposta. Por quanto tempo? E quais métodos ele vai usar para sair desta condição? A resposta carrega, também, o elemento do medo.

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