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Instituições tutelam ódio que pode ir além das eleições

Especialistas estão alertando para a gravidade do que foi criado no território brasileiro, com a quebra permitida dos muros de contenção ética no convívio societário, a partir da banalização da violência bolsonariana. As palavras truculentas, de baixo calão, aplaudidas em meio a risos e gritos de fãs; as mímicas armamentistas mostradas pela mídia e relativizada pelas instituições brasileiras, mais o acúmulo de frustrações e outras complexidades psicossociais que normalmente submergem na personalidade, geraram um coquetel de horrores, que pode explodir sobre qualquer pessoa e ainda vai ter uma multidão indiferente filmando para postar no facebook.

O quadro é preocupante. O brasileiro está sim, acostumado à violência cotidiana, sendo estra trazida por diversos canais para a cotidianidade. No entanto, ainda preservava um dique de princípios, que continha alguns, pelo menos em público, de manifestarem seus instintos perversos contra o alheio. A participação de Jair Bolsonaro no cenário eleitoral, apoiada e incentivada por tudo o que se diz “cidadão de bem” no Brasil, levou desde instituições como Ministério Público a Corporações Militares, fazerem vistas grossas ou risos largos para as barbaridades de suas aparições, em clara tentativa de intimidação do contraditório.

Mas a sociedade asséptica alimentou um monstro muito maior do que previu. Um monstro de várias cabeças emergiu das sombras, e se tornou ameaça concreta à vida: o assassino em potencial, que nada respeita, nem considera. Em tudo o que não encontra enxerga um inimigo a eliminar. E o estado brasileiro, através de suas instituições coniventes, corrobou para esse desfecho lamentável, preocupante.

Na rede social facebook, Juliana Hollanda D’Avila escreveu:

“Para quem ainda não entendeu, estamos vivendo um momento gravíssimo no nosso país!  Pois os eleitores do #elenao são violentos, insuflam o ódio, andam armados para intimidar e não (apenas se defender de bandidos). eles se acham no direito de agredir (como acabaram de fazer com uma das organizadoras da mobilização do ato de sábado).

Xingam e intimidam principalmente mulheres e minorias e diante do rumo que as coisas estão vai piorar e bastante.

Esta candidatura deveria ser impugnada simplesmente em prol da Liberdade, pois o que está saindo de dentro do vaso sanitário é simplesmente ódio e uma ilusão de poder assustadora.

Estamos caminhando para um abismo em queda livre e ele ganhando ou perdendo, já fez um estrago tão grande em tanta gente enquanto sociedade, que não consigo mensurar os danos.

Peço a nós mulheres que nos protejamos, para que possamos ter forças para cuidar dos nossos LGBT’s, negros, índios, filhos e filhas porque realmente não sei em que lugar nosso frágil Brasil vai chegar em meio a barbárie e muito menos o que poderemos fazer para modificar o status quo.

Foda-se a corrupção! Precisamos de amor e união nesse momento trágico. precisamos de fé para nos proteger dos ataques. Precisamos estar atentos e fortes. precisamos de saúde mental para que possamos seguir em frente. Precisamos de mãos dadas para que possamos garantir nossa existência. Precisamos gritar contra o fascismo. Precisamos agir e nos fortalecer. Precisamos de cuidado”.

O senso de percepção está captando isso. Ameaças já se tornaram agressões. Pedradas em carros. Intimidações para que não se possa usar a camiseta Lula Livre, ou até mesmo roupas vermelhas. Mas as instituições estão em silêncio. O triste silêncio que fala, que permite, que autoriza, porque de tudo se omite.

Nosso repúdio a esta indiferença, que pode se tornar o ninho da morte, pois as sombras já estão espalhadas sobre a sociedade brasileira, gritando palavrões e ofensas, ameaças e agressões mil, em nome da família, de Deus e da ânsia de mando da elite espúria.

As eleições encerarão o ódio que a irresponsabilidade histórica plantou?

 

 

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