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Futuro da Casal num hotel de luxo, sem os pobres que continuam a parir bichos

O futuro da Casal foi discutido em um hotel de luxo, na orla de Maceió, cercado por empresas interessadas na compra da estatal alagoana e sem a presença do povo.

Povo que ainda não alcançou a esperada etapa da evolução, quando as pessoas não deverão precisar mais de água para sobreviverem.

Falando em povo, aliás: quais argumentos são usados para justificar que o número de jovens em Alagoas que nem estudam nem trabalham ser o maior do país, pelos números do ano passado, segundo o IBGE?

São pessoas na idade economicamente ativa, entre 15 e 29 anos. São 37,2% nesta faixa.

Nossa pobreza é histórica, resultado do escravagismo, dos ricos traficantes de escravos que garantem seus descendentes na política alagoana até os dias de hoje.

Estes jovens fora do mercado do trabalho e da escola terão qual futuro? Aliás, nem presente eles tem. Estão de fora até dos canaviais e suas relações semi-escravistas.

Sobrevivem com aposentadorias dos velhos ainda vivos ou de familiares ou da caridade alheia.

Estão fora até da lista de meio milhão de pessoas recebendo o Bolsa Família no Estado, o “mais pobre entre os mais pobres”.

Mais pobres com chances mais distantes de parirem gente com alguma chance de cidadania.

Pobres que estão parindo bichos. Porque os bichos não têm alma.

Alagoas tem o segundo maior percentual de pobres no Brasil. Perdemos para o Maranhão.

Pobreza e riqueza se chocam nos canaviais. Os ricos usineiros e seus herdeiros desfilam seus carros de luxo assistindo, da janela, dos bairros chiques do Sudeste ou da Europa, metade dos alagoanos abaixo da linha de pobreza, sobrevivendo com menos de R$ 145.

Ou, com muita sorte, cortando cana a quatro centavos a tonelada. Para enriquecer ainda mais quem já é rico e exaurindo a capacidade de trabalho de quem nasceu pobre, vive pobre e morrerá pobre. Ou na miséria, se conseguir se aposentar.

O Brasil do futuro parece ser a Alagoas de hoje. Os sobreviventes estarão na corda bamba e sem sombrinha, divertindo uma elite perversa, com o polegar para baixo e assistindo ao pobre voando pelos ares, esbagaçando-se no chão.

E vindo outro e mais outro, para animar o circo. Um circo romano.

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