Dois milhões de crianças trabalham no Brasil, diz estudo

Natal - Aos 12 anos, Natan falta à escola todas as segundas-feiras para trabalhar como carregador em uma feira da cidade (Valter Campanato/Agência Brasil)

Mais de 160 milhões de crianças são exploradas em todo mundo. Destas crianças, quase 2 milhões estão no Brasil, diz Fundo das Nações Unidas. Em Alagoas, só no primeiro quadrimestre (janeiro/abril), foram registradas 19 crianças e adolescentes de 9 a 17 anos, diz Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

No mesmo período, o Ministério resgatou 702 crianças e adolescentes do trabalho infantil. Segundo a Auditoria Fiscal de Trabalho do MTE, 100 (14%) eram crianças com até 13 anos de idade; 189 (27%) tinham 14 e 15 e 413 (59%) eram adolescentes de 16 e 17 anos.

Na análise por gênero, 140 (20%) eram meninas e 562 (80%), meninos.

A crise socioeconômica e a má qualidade da educação pública são questões crônicas que precisam ser superadas. No Brasil, crianças trabalham por falta de alternativas de renda familiar. Nesta condições, as salas de aulas deixam de ser prioridade diante da extrema pobreza.

A última Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última quarta-feira (07) o Nordeste lidera em índice de analfabetismo.

A região abriga 55,3% de todos os brasileiros com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever. O analfabetismo na região alcança 11,7% da população.

As assimetrias no acesso à educação são o espelho da exclusão social e do racismo. Entre pretos e pardos, 8,2% das pessoas com 15 anos ou mais não sabem ler e escrever. Diferentemente da população branca na mesma faixa etária (3,3%).

De acordo com os resultados da pesquisa Alfabetiza Brasil, divulgada em 31 de maio deste ano, 56,4% dos estudantes do 2o ano do ensino fundamental não estavam alfabetizados.

Os dados são alarmantes. Infância e juventude, no Brasil, padecem sem perspectivas. O trabalho, na maioria das vezes informal, vai tecer os caminhos para um futuro de baixa remuneração. Mão de obra barata e sem direitos trabalhistas.

Depois dos 16 anos, apenas 15% dos jovens estão em salas de aula, diz pesquisa feita pelo Sesi/Senai, em parceria com o Instituto FSB Pesquisa. Os dados foram divulgados pela Agência Brasil em 26/05.

Das pessoas que não estudam, 57% disseram que abandonaram a escola porque não tinham condições. A necessidade de trabalhar é o principal motivo (47%). O Nordeste lidera em evasão escolar por gravidez ou pela chegada de um filho, o dobro da média nacional, de 7%.

Pelo menos 23% das pessoas ouvidas na pesquisa avaliaram a educação pública como ruim ou péssima.

.