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Diálogo sobre o genocídio, com Valeria Silva

Dialogar com outros textos é sempre um exercício grato a quem faz da escrita um instrumento de vida e vitalidade discursiva.

Eis que Valeria Silva envereda suas análises pelas vias da sociedade do desgaste humano (que se tornou o nosso país, Brasil) e me sinto instigada a conversar com suas ideias.

Valeria : “Sinto uma tristeza em pensar que essa catástrofe esperada poderia ser evitada.”

O blog solidariza com este sentimento. Não se trata apenas de remexer o que passou há mais ou menos um ano atrás, com o pouco caso feito pelo governo brasileiro no que se referia à pandemia, mas principalmente pela conivência absurda das instituições brasileiras que existem para defender os interesses da nação, que em resumo, significa todos nós (povo), e se mantiveram em silêncio conivente, assistindo o avanço do vírus e da morte.

Valeria : ” A pandemia iniciou em outro continente, em outros países e poderíamos ver o que eles fizeram e deu certo, copiar e o que deu errado, esquivar. Mas ao contrário disso, foi negada pelos dirigentes desse país, em especial pelo inepto do presidente atual. O qual segue com as mesmas estratégias de políticas sociais insanas. ”

Vimos o uso político mais rasteiro possível sendo feito por um líder de massas acríticas, que retroalimenta o ódio ao comunismo em seus discursos direcionados, nacionalizando o vírus (chinês) e ideologizando as políticas sanitárias e preventivas (ações comunistas). Nesse vale-tudo a vida humana não teve valor! O projeto de poder do presidente do Brasil já despontou com pulsões declaradas de morte, e a pandemia apenas tornou aguda essa intencionalidade, permitindo sua aplicação rápida e eficaz.

Valeria : “Se eu acreditasse em pacto diabólico, não teria duvidas que o presidente teria feito um, diretamente com Lúcifer, Mefistófeles, Belzebu, Satanás, Capeta, Demônio ou sei lá como queiram identificar o Diabo. Para ele ter poder e dinheiro, sendo que em troca daria milhares e milhares de vidas (Com o apoio de vários religiosos). Quer pensar num plano mais grotesco? Pois então! Mas não acredito em pacto, em “diabo” como se pinta por aí. ”

Se levarmos ao campo do simbólico em uma análise política voltada à subjetividade, o pacto existiu mesmo! Os símbolos do mal estão presentes e atuantes na estrutura capitalista, movimentando as engrenagens de um sistema econômico que traça vidas, através de políticas predatórias do trabalho humano desprovido de valorização, proteção, direitos e carreira profissional. Eis o sonho do mercado internacional, um dos mais fortes financiadores da campanha por disparos de whatsapp. Eis o delírio do patronato! Uma microexpressão da festa infernal promovida pelos deuses da sombra, que são espectros de homens e mulheres devotados ao lucro, ao dinheiro, ao poder terreno, mesmo quando ecoam doutrinas religiosas.

Valeria : ” Então o que resta é um sujeito mau caráter, que tem recursos para ele e família, com ambulância, médico, tratamento de primeira, hospital e se necessário leito de UTI. Sendo que essa não é a realidade da população do Brasil. Falando para o povo seguir, sem segurança, sem saúde e indiscriminadamente tomar o dito “tratamento precoce”. Aquele tal tratamento precoce que o Ministro da saúde não toma, e foi se tratar com a médica que não utiliza esses remédios ineficazes.”

Sim, a mordomia que assegura a saúde dos inescrupulosos Bolsonaros sinaliza a vala social que separa poder e povo, mesmo que todo aparato seja sustentando com dinheiro público. É a desigualdade aplicada de maneira crua. Mediada pelas fakes news, que nunca foram desativadas, e continuam batalhando nos núcleos mais retrógrados, ignorantes, e moralistas a favor da imagem do presidente. A popularidade de Bolsonaro só existe porque as notícias falsas alimentam um imaginário vasto, deseducado para a liberdade, a crítica e a autonomia.

Valeria : ” É muito doloroso assistir uma nação inteira sem opção, sem recurso, seguindo e seguindo. Enterrando seus mortos, carregando o peso da ignorância e da loucura. E ainda não chegamos na pior parte, porque a pandemia segue, o vírus sim, é muito “inteligente” e quer sobreviver, está mutando, se readaptando. Coisa que certos humanos não entendem e não aprendem. ”

Cada segundo a dor se renova! Nós do blog nos solidarizamos com o Brasil que morre, agoniza, chora e se revolta sem saber como vai sair desta página histórica eivada de violências e terror!

Mas também acompanhamos os brados de vitória dos parceiros da morte, e denunciamos o genocídio que as instituições brasileiras permitem acontecer conosco, com nosso povo, nos deixando aterrados entre escolher a luta pela sobrevivência e o risco da contaminação, na certeza de que o colapso hospitalar já sinaliza o colapso funerário.

Deus somente salvará o Brasil através dos brasileiros.

Escreva você também a sua linha de luta pela vida e contra Bolsonaro.

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