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Contra ‘aniquilação do PT e Lula’, partido autoriza negociações ‘imediatas’ com Governo

Ex pres Lula ao lado do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e do governador Renan Filho. Foto Ricardo Stuckert

Como esperado, o PT alagoano fechou aliança com o Governo Renan Filho (PMDB).

Fortes, porém, são os termos usados no documento distribuído para a imprensa. Assinada pelo presidente estadual do partido, Ricardo Barbosa, fala em “autorizar imediatamente as negociações para o retorno ao Governo” porque “Lula e o PT” correm “grande risco de serem aniquilados e, junto com eles, todas as esperanças do povo brasileiro que um dia aprendeu que pode sim ser feliz”.

Veja nota da executiva regional do PT

Nota da Executiva Regional do PT – AL sobre diálogo com o Governo do Estado.

O golpe havido no Brasil em 2016 veio na esteira de uma conjuntura de ofensiva global do capital contra a classe trabalhadora, a esquerda em geral, sua ideologia e conquistas econômicas e sociais. Há duas décadas que se produzem golpes principalmente na América Latina e especificamente em países cujos governos foram dirigidos por partidos e lideranças com base e inserção nos movimentos sociais e populares, a exemplo do PT e de Lula.

No Brasil pós-impeachment, o governo golpista de Temer dá continuidade ao legado tucano de FHC, com a desregulamentação das relações de trabalho e a volta à escravidão, o início do desmonte da previdência pública, a dilapidação do patrimônio nacional e com nossas empresas nacionais à venda no mercado como sucata.

Em suma, Temer, com o apoio da mídia golpista, do poder judiciário e da banda podre do parlamento está deixando o País pronto para o “abate”.

Porém, os golpistas jamais imaginaram que a capacidade de resistência dos trabalhadores e do povo brasileiro, do PT e de Lula chegasse ao ponto que chegou. Para eles, em pleno Outubro de 2017, não haveria mais mobilizações na rua, pois todos teriam sido ganhos pela ideologia da mídia e do judiciário golpistas; Moro seria a própria reencarnação de Tomás de Torquemada; e o PT e Lula estariam dizimados, mortos, e com alguns poucos resistentes encolhidos na vergonha de pertencerem a um partido de “corruptos”.

Mas o povo brasileiro, o PT e Lula foram fatores “imprevisíveis” nesta “inquisição” do século 21.

Diante de tantos ataques e retrocessos, o PT e Lula representam hoje a esperança de resgate de uma política que outrora promoveu a maior mobilidade social já vista no planeta.

Talvez por isto, a despeito de todos os ataques, o PT tenha alcançado mais de 20% na preferência do eleitorado, e Lula não pare de crescer nas pesquisas.

Daí o aumento da perseguição, do jogo baixo. Daí a tentativa de encontrar alternativas para o dilema entre permitir que Lula seja candidato ou transformá-lo, definitivamente, em um mártir.

Lula hoje representa um projeto de descontinuidade e reversão dos ataques impostos ao povo brasileiro. Lula 2018 é o projeto, e desde já essa tarefa está colocada para o PT e para todas e todos que queiram se somar a ele. Mas o PT, sozinho, é incapaz de levar este projeto a cabo.

Além das massas populares e suas organizações, que temos que conquistar disputando espaço milímetro a milímetro, temos que nos propor organizar uma frente que abranja todas as forças políticas e personalidades que estejam dispostas a defender a candidatura de Lula desde já.

Defender o projeto Lula 2018 é postar-se contra Temer, os golpistas e seu programa neoliberal. Em âmbito nacional, há deslocamentos no âmbito de partidos políticos e suas personalidades que apontam no rompimento com o governo Temer e as forças golpistas e que requerem uma ação imediata por parte do PT.

É o que ocorre com o PMDB em Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí; bem como com o PSB em Pernambuco e também na Paraíba, só tratando do Nordeste.

Não foi à toa que a caravana de Lula começou por aqui. Em Alagoas, uma das maiores expressões do PMDB nacional, Senador Renan Calheiros, vem se postando publicamente contra Temer e suas reformas e em defesa aberta de Lula.

Tal qual o Senador, o Governo do Estado vem assumindo a mesma oposição e postura de aproximação ao projeto do PT para 2018, inclusive acenando claramente para que o Partido ocupe espaços dentro de sua estrutura. Não estamos tratando de uma aliança eleitoral para 2018.

Estamos em uma disputa encarniçada de projeto político e programático cujo seus maiores representantes, Lula e o PT, correm grande risco de serem aniquilados e, junto com eles, todas as esperanças do povo brasileiro que um dia aprendeu que pode sim ser feliz.

Neste sentido é que o PT de Alagoas resolve em sua Executiva Estadual autorizar imediatamente as negociações para o retorno ao Governo de Renan Filho, com altivez, dignidade e respeito que são devidos ao Partido e seu legado, bem como iniciar uma ampla, democrática e responsável discussão sobre alianças visando o pleito de 2018. Maceió/AL, 31 de Outubro de 2017.

Ricardo Barbosa PRESIDENTE PARTIDO DOS TRABALHADORES DE ALAGOAS

SOBRE O AUTOR

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