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No palanque de Lula, a manjada ideia da ‘união por Alagoas’

Passam-se as décadas, personagens da política local morrem e logo surgem os substitutos. A ideia, porém, nunca o tempo leva: a “união por Alagoas”.

É uma roupa surrada, remendada tantas vezes quantas necessárias. Usada em ocasiões especiais, como se viu ontem em São José da Tapera na assinatura da ordem de serviço para o trecho 5 do interminável Canal do Sertão. E veremos hoje em Maceió, na entrega de casas pelo programa Minha Casa Minha Vida.

Nos dois palanques, Lula. Que cobrou ano passado a união de todos como condição para pisar em Alagoas. Um gesto constrangedor. Renan Calheiros teve de se sentar atrás da primeira fila, onde estavam o presidente da República, Paulo Dantas, Renan Filho e Arthur Lira. Isso para evitar cumprimentar, de frente, o presidente da Câmara.

E Lira nem se encontrou publicamente com Calheiros. E colocou-se na constelação dos grandes democratas, apesar das digitais indicarem onde e como ele se posicionou no verão passado.

O resto? Perfumaria, blá blá blá, muita água e pouco café.

Primeiro porque o trecho 5 do Canal do Sertão ainda vai começar e mesmo assim não é a última etapa. O Governo, como adiantamos ontem aqui no blog, tem projeto para outras duas, a serem financiadas com empréstimos em dólar e mais 20 anos para conclusão.

Segundo na entrega das casas do PAC 3 a ser feita nesta sexta. Casas que nem suprem 1% do déficit habitacional do Estado.

Lula atravessa grave crise de popularidade, mostram as pesquisas. Nesta sexta deve erguer a mão de Rafael Brito, catando votos para chegar ao segundo turno na eleição da capital.

Já Arthur Lira pega carona em JHC, Renan Filho projeta o Governo para daqui a dois anos, Paulo Dantas e Isnaldo Bulhões sonham com o Senado e todas estas rotas cheias de meandros e nós tem de levar para a união por Alagoas.

Mesmo que seja momentânea, como vimos.

No mais o teatro eleitoral permite essa licença poética: todos fingem, inclusive a plateia. O palaque dá voz e carne aos unidos por ocasião; a claque incha as mãos de tanto aplaudir assistindo um fato que é fake.

Tudo normal na planície Brasil.

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