Construção de parque revitaliza área e atende demanda de moradores na Grota do Cigano

Texto de Kaue Costa/Agência Alagoas

A grande expansão do perímetro urbano maceioense teve como uma de suas principais causas a formação e o crescimento de áreas periféricas, em meados dos anos 80. As grotas, que surgiram como parte desse processo de crescimento, nunca se tornaram áreas de interesse imobiliário e acabaram se tornando zonas vulneráveis e “marginalizadas”, carentes de infraestrutura e políticas públicas.

Mais de 30 anos depois, pela primeira vez na história do estado de Alagoas e do município de Maceió, as grotas da capital e seus moradores passaram a ser vistos como parte integrante da cidade por meio do programa Vida Nova Nas Grotas – que nasceu como Pequenas Obras Grandes Mudanças, ainda em 2016. A ideia era executar obras que melhorassem a mobilidade urbana dentro desses locais, principalmente com a construção de escadarias, pontilhões e passeios.

Hoje, além de ser reconhecido internacionalmente e contar com a parceria do ONU-Habitat, o programa já atende mais de 70 comunidades e dá seu segundo passo rumo à inclusão social com a construção dos parques lineares, que visa incluir a comunidade à malha urbana da cidade, incentivar a prática do esporte e oferecer opções de lazer aos moradores.

O Parque Linear da Grota do Cigano, o primeiro deles, surge como resposta às carências dessa comunidade que abriga mais de 35 mil pessoas. O projeto do parque é fruto de uma ação conjunta entre a ONU-Habitat e Secretaria de Transporte e Desenvolvimento Urbano (Setrand), realizada em 2018, na qual crianças e jovens moradores da grota puderam simular, por meio do jogo Minecraft, suas principais necessidades, modelando o espaço da grota dentro do jogo e contribuindo efetivamente na construção do projeto arquitetônico.

O espaço, de área total de 6.156,67m², dará nova dinâmica urbana ao bairro de Mangabeiras, integrando a grota ao bairro e ao Jacintinho. De acordo com Andreia Estevam, superintende especial de Transporte e Desenvolvimento Urbano, a implantação do parque linear, além de integrar a grota à malha urbana, deverá proporcionar também aumento da segurança pública, como consequência da valorização do espaço antes inutilizado.

“A qualidade de vida urbana está diretamente relacionada com o desenvolvimento das interações sociais. Sendo assim, a valorização de espaços livres de uso público trará, a curto prazo, a melhoria de segurança pública e benefícios psicológicos, sociais e físicos, como a amenização do estresse do cotidiano urbano”, destacou.

O parque urbano poderá ser acessado pela avenida Gustavo Paiva ou pela rua Esperança, ambas no bairro Mangabeiras, e terá em seu perímetro mesas para jogos de tabuleiro, playground, bicicletário, áreas de convivência com bancos e árvores que estimulam a interação social. O projeto conta ainda com duas quadras poliesportivas, pista de cooper, quadra de areia, basquete outdoor e academia ao ar livre para a prática de esportes, equipamentos essenciais para redução do sedentarismo e manutenção da saúde física e mental, conforme sugerem diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), lançadas em 2020, que comprovam a importância da atividade física para a suavização do cenário pandêmico vivido pela população mundial.

Além de beneficiar diretamente os cerca de 35 mil moradores da Grota do Cigano, o parque também beneficiará indiretamente bairros adjacentes. O investimento da obra é de R$1,8 milhão oriundo do Governo do Estado e do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).

Rogério Pacífico, morador da Grota do Cigano, participou da oficina de Minecraft que deu início a elaboração do projeto do parque. Hoje, aos 21 anos, ele trabalha nas obras do Vida Nova nas Grotas em sua comunidade e acompanha de perto as transformações chegando e suas reinvindicações se tornando realidade.

“Aqui tem muita criança que gosta de jogar bola e de se divertir, assim como eu e meus amigos também gostamos. Agora, com a construção do parque linear vai ser tudo diferente, vamos poder nos divertir no espaço que antes era só lugar de pedra, lixo e mato”, relatou Del, como é conhecido o jovem na comunidade. “As pessoas diziam que essa obra não ia começar, que não tinha projeto de nada e, hoje, a gente vê que não é verdade, agora a gente vê que vai acontecer mesmo e nosso sonho virando realidade”, concluiu.

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