Nossas análises sobre o chão pátrio nunca esmorecem. E, neste espaço de tempo que marca a metade do governo Lula já conseguimos vislumbrar um clarão vindo à direita com foco em nosso futuro.
Se em momentos tenebrosos da história brasileira o canto da esquerda sugeria o reconforto, hoje a direita vai assumindo essa proposta, como resultado do malogro social da extrema-direita e as concessões desmedidas da esquerda, algo que descaracteriza as pautas reais desse espectro de luta partidária.
Sim, meus bem intencionados leitores, a direita está se apropriando do imagético pacificador que o tradicionalismo valida e a maioria do povo gosta.
A extrema-direita que diz defender a família e rasga o verbo em público, faz entreguismo com “chuva dourada” e exibe o falocentrismo como moeda de valor, também logrou escandalizar setores da sociedade brasileira, que se mantiveram em silêncio “educado” e chocado, pois são acostumados ao prestígio e ao luxo com pompas de corte. Bolsonaro não satisfez a esta camada. Mas enlouqueceu antigos miseráveis, que se sentiram livres para exalar despudor e ódio.
A classe alta da qual falamos aqui, não gosta dos descaminhos da extrema-direita, mas odeia de paixão a esquerda e qualquer balbucio partidário sobre direitos e políticas sociais. É pseudo-europeia, gosta do escravagismo e das exclusões que lhes ratificam ideais de superioridade. Por esse motivo apoiou Bolsonaro. Mas ele escandalizou.
No interstício que engessa Lula e o direciona do centro-esquerda para a direita tradicional alckimiana, a direita está caçando uma representação que aniquile a imagem política “salvífica” de Lula para pobres, e emplaque um “pacificador” do país em guerra ideológica, pois a tendência será receber o apoio de todos os que repugnam o bolsonarismo e jamais votariam nos extremistas, chegando ao ponto de apoiar qualquer possível vencedor. Este é o ângulo que pode ser explorado para direcionar o Brasil totalmente à direita.
Nem os mais otimistas eleitores de Lula estão confiantes na reeleição do presidente. E a direita que se especializou em oferecer banquetes com “Boa noite, Cinderela” segue ladeando a presidência da República, como se não existisse, mas atuando por dentro do sistema.
Quem vai lutar pelo bolsonarismo será a pobreza.
A elite econômica estará com a direita.
E a esquerda estará lutando para não morrer sem fôlego, afinal, o fundo partidário precisa ser disputado, independente do contexto.
Sinceramente, esperamos que a realidade supere em boas novidades essa análise de conjuntura de médio prazo.