Resumo: Na cidade de Exu (Pernambuco), a última casa onde morou Luiz Gonzaga ainda registra o viveiro construído pelo músico para a criação de Asa-branca, hoje na terceira geração. A ave virou música e hino do Nordeste. Enquanto isso, a família de Gonzagão abandonou Exu, rompeu os laços com as lembranças de Gonzagão e vendeu o museu que reúne objetos pessoais e todos os discos de ouro e plantina recebidos pelo cantor ao longo da carreira.
Qual apreciador da música nordestina não vibraria de alegria ao visitar um museu de Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”? Pois esta blogueira testemunhou de perto essa emoção, em uma ida a Exu, no estado de Pernambuco unicamente para conhecer o Parque Aza Branca, onde fica o Museu do Gonzagão, com incrível acervo de objetos originais que pertenceram ao cantor que popularizou o cancioneiro sertanejo por todo país e fora dele, e foi co-autor da música considerada o “hino do Nordeste”: Asa Branca.
Além das peças originais preservadas com zelo, temos acesso a partes da história do cantor com precisão de detalhes. Tendo assistido ao filme sobre Gonzagão, encontramos no museu relatos e registros fotográficos de vários tipos que afirmam o que a película mostrou, mas a parte mais marcante, se refere às situações familiares, que depois do desencarne do ídolo após grave doença, e da morte precoce do filho Gonzaguinha em um acidente de carro, sua esposa Helena terminou os dias na casa do casal em Exu, que também é preservada e aberta para visitação – a herdeira do casal, uma filha adotiva chamada Rosinha que vive no Rio de Janeiro, vendeu a propriedade herdada por um negócio feito ao telefone, sem ter ido nem mesmo ao sepultamento dos pais quando estes faleceram.
Rosinha, segundo fonte próxima à história dos Gonzaga, ainda recebe direitos autorais sobre as obras do pai.
O museu? Este é mantido pela família do comprador, um grande fã de Luiz Gonzaga, que morava em Exu, mas faleceu em 2014. A pequena taxa cobrada pela visitação é utilizada na manutenção do próprio acervo e os componentes da instituição que o mantém fazem trabalho voluntário, segundo informou uma guia do local.
Mas existe uma família especial que se mantém fiel à casa de Gonzagão, é a da ave inspiradora do Hino Nordestino que faz arrepiar qualquer coração ao ouvir seus belos acordes de resistência sertaneja, no estilo mais poético que envolve amor, trabalho e fidelidade ao torrão: Asa Branca! Isso mesmo, essa família que também é preservada em um viveiro, no local, já está na terceira geração:
Os netos de Luiz Gonzaga, filhos de Gonzaguinha, não aparecem na cidade nem no museu. O único parente que se faz presente é Joquinha Gonzaga, que também toca sanfona e pede benção ao falecido tio Luiz, mantendo em Exu a única semente da genealogia de Santana e Januário.
Quem passar perlas cercanias, não vai perder a viagem se for a Exu e contemplar de perto as marcas do nordestino que influenciou gerações de conterrâneos por todo país. Até mesmo o mausoléu construído pelo filho Gonzaguinha, no ambiente do Parque Aza Branca, emociona e nos faz perceber a eternidade dos talentos, que também perpassa pela casa de Januário, onde as lembranças da família estão preservadas no local.
A música nordestina tem muitos artífices e construtores do seu legado, mas Luiz Gonzaga é um ícone capaz de agregar cada conterrâneo através do som do baião, em qualquer parte do Brasil onde este se encontre. Assim, nós nordestinos, somos a família do Gonzagão, eterno em cada pessoa nascida nessa região.