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Psicologia Antifascista, Organização e Práxis

A consciência socialista moderna não pode surgir senão na base de profundos conhecimentos científicos” Vladmir Lênin

O surgimento dos símbolos antifascistas e a aparente adesão ao antifascismo como componente central na luta antibolsonarismo pode ser uma faca de dois gumes.

Precisamos estar atentos ao jogo político que envolve, sem dúvidas, a cooptação de massas largadas a espontaneidade de um “movimento” e que seguem sem uma organização clara.

Um “movimento” não é um partido, assim como ser antibolsonaro não é, necessariamente, ser antifacista.

As instituições burguesas não são vias de solução da crise política brasileira e o componente “democrático” que as acompanhavam despiu-se de sua formalidade.

Enquanto o caldo ideológico do fascismo engrossa, os elementos da barbárie parecem tomar um perfil isolado e descolado da realidade capitalista global.

É o capitalismo, dada as estruturas que acompanham sua ordem internacional, que investe de tempos em tempos na “ordem” da periferia pelo caminho autocrático-burguês.

O capitalismo dependente latino-americano é o embrião do fascismo e a história revela que golpes de estado e a piora das condições de vida da classe trabalhadora é o que se sucede nestas searas (ver Florestan Fernandes; Lacerda Jr).

Logo, o antifascista, tem sua raiz histórica no anticapitalismo.

O elemento radical (de raiz) não pode ser deixado de lado por um “consenso amistoso e civilizado” em uma banalização de um símbolo de luta, sem práxis.

Nosso oponente possui condições materiais para o controle concreto do Estado e com intenções longe de serem humanitárias, mas com traços e tendências genocidas.

Tem como características uma propaganda de uma espécie de pureza moral e de valores e uma inclinação a criação de milícias e grupo paramilitares (armar a população para a conservação da ordem).

Sobretudo, vale salientar, a agenda econômica alinhada a interesses de países hegemônicos do capitalismo mundial e que de maneira alguma viabiliza condições melhores para o povo brasileiro.

As consequências psicológicas deste estado de guerra (acentuação da luta de classes) aliado a uma pandemia ainda não são tangíveis, mas há um claro direcionamento do comportamento social através da agudização do desamparo generalizado e a proposta central dessa desagregação via desamparo é a inação por incapacidade de organização política (ver Lênin)

Se tomamos como característica central do desenvolvimento humano as relações sociais e a linguagem conseguimos vislumbrar como a propaganda política fascista veio criando forma a anos numa ofensiva que criou no cotidiano o palco de agitação política antiesquerda e anticomunista.

O fato é que o “conforto democrático” da conciliação de classes acabou e nos chama para lutar em outras configurações da ação política, onde o antifascismo passa pela necessidade de criar poder popular através da organização proletária.

 

Saiba mais:

FERNANDES, F. Notas sobre o fascismo na américa latina. In: ______. Poder e contrapoder na américa latina. São Paulo: Expressão Popular, 2015.

LACERDA JR, F. Capitalismo dependente e a psicologia no Brasil: das alternativas à psicologia crítica. Teoría y crítica de la psicología, n. 3, pp. 226-263.

LENIN, V. I. Que fazer?. 1902. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/lenin/1902/quefazer/index.htm>.

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