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Por que Alagoas não merece uma polícia com saudades da gangue fardada?

O governo Renan Filho (MDB) diz querer um segundo mandato melhor que o primeiro. Prepara alterações nos cargos, objetivos, menos burocracia, mais chances de disputar o Senado em 2022 etc.

Mas a segurança pública também precisa passar por reformulações mais profundas que um simples troca-troca de nomes ou manter A ou B por ele agradar alguém do Tribunal de Justiça ou do Ministério Público.

Como esperar bons conceitos de governança nestas condições?

11 mortos em uma operação no dia 8 de novembro, em Santana do Ipanema. De acordo com a polícia, eram assaltantes de banco.

Quem financiava o grupo criminoso?

A polícia não responde, não gosta de ser questionada. E existem bandidos fardados que (pasmem!) ameaçam de morte quem quer explicações.

A SSP não tem mecanismos de monitoramento que ajudem a explicar a nossa violência. Já não basta a publicação do tamanho da nossa barbárie em relatórios mensais.

Os tempos da polícia que agia sob o manto da gangue fardada estão superados.

O olho por olho dente por dente sem que se apresente causas, natureza da criminalidade; quanto, porque e onde se gasta o dinheiro da Segurança Pública (em especial do policiamento); menos decisões baseadas em evidências. São situações mais confiáveis que os instintos primários contra bandidos pés-de-chinelo ou beija-mão com o colarinho branco.

Relatório do Banco Mundial publicado no final de agosto mostra que o Brasil tem o desafio de combater a violência para além da tática da matança dos grupos mais violentos ou mais vulneráveis.

Remunerar servidores públicos que recolham mais armas é considerada uma experiência de sucesso; operações policiais em busca de agressores de mulheres e homicidas é outro ponto visto como positivo; mais planejamento, governança, avaliação dos resultados e monitoramento da criminalidade são metas a serem alcançadas.

“Melhorar a governança, aumentando a coordenação, a escala e a sustentabili-
dade das intervenções de segurança para a população”, escreve o relatório do banco, a certa altura.

“Embora o Brasil disponha de várias iniciativas promissoras de pre-
venção e controle da criminalidade e da violência, há poucas evidências contundentes sobre o que funciona e o que não funciona”, diz a mesma instituição, em outro ponto do importante documento.

“Crime, violência, exclusão social e discriminação estão ligados em um ciclo vicioso que se reforça mutuamente e dificulta o progresso no Brasil”, analisa.

Que Renan Filho possa ter uma polícia mais preocupada em resultados comprovados contra o crime. Os tempos da gangue fardada e da polícia a serviço da banda podre da Assembleia Legislativa dão saudades apenas àqueles que pagavam para eliminar os seus desafetos.

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