BLOG

Política de cuidados como trunfo da extrema direita

A extrema direita não é perfeita, inclusive merece ser analisada em detalhes para ser cada vez mais bem conhecida por todos nós, mas é fato que consegue emplacar cartadas significativas no sentido estratégico, embora não traga benefícios coletivos reais.

Além de ter criado um sistema teológico próprio, que também serve para construir um exército fundamentalista, prenhe de perigos para a democracia e os relacionamentos humanos, este espectro político tem emplacado candidaturas exitosas em todas as esferas legislativas.

Aqui, o parêntese que nos interessa analisar agora são as mulheres parlamentares de extrema direita.

Todos os grupos de mulheres organizadas possuem força. Mas alguns são extremamente combatidos, estes são os libertários, que lutam para defender e ampliar direitos.

Os grupos feministas não se encaixam em propostas de extrema direita, são, inclusive, altamente fetichizados pelo ódio dos conservadores, que investem na desqualificação destas mulheres a partir de pautas tornadas odiosas, como por exemplo, o aborto.

As teólogas fundamentalistas despontam com pedras nas mãos contra mulheres que lutam pela descriminalização do aborto, e declaram apoio a aberrações como o projeto de lei conhecido como PL do estupro.

Os exemplos de  mulheres extremistas nos parlamentos são cruéis, e vão desde a precária formação intelectual e humana à posicionamentos nazifascistas declarados. Defensoras de jargões moralistas e classistas, nem sempre são radicais. Algumas até conseguiriam enganar pela falácia, abordando temáticas flexíveis que interessam a todos os lados.

Atenção para o novo discurso: cuidados!

Isso mesmo, a substituição da palavra direitos por projetos de cuidados está no páreo dos palanques.

Palanque global com abrangência nacional, montado para fazer crer que as mulheres podem gerar políticas de cuidados para outras mulheres sem levar em conta os direitos conquistados e a conquistar.

Deste modo, institutos, associações, grupos multiformes, são criados com o intuito de cuidar das mulheres.

Círculos de prazerosos encontros, atividades terapêuticas e pequenas assistências, substituem organizações que façam proliferar debates considerados políticos, porque nestas propostas a autonomia não interessa, assim como não é objetivo fomentar qualquer tipo de consciência de classe ou relações de gênero.

Entre as estratégias de cuidados são incluídas orações pela família, cânticos e pequenos mimos, motivando uma faixa de coesão que rapidamente pode ser transferida para a escala eleitoral. Mulheres de direita e extrema direita são tornadas referências de sucesso pessoal e social, atraindo centenas de outras mulheres ao eixo gravitacional onde o “ser mulher” dá certo.

É sobre isso companheiras.

Enquanto as mulheres de esquerda batalham em campos individuais, outros movimentos de mulheres balançam as águas dessa imensidão oceânica chamada Brasil, em afinidade com práticas políticas conservadoras espalhadas pelo mundo.

SOBRE O AUTOR

..