Há uma ausência sentida na política partidária alagoana, que estas eleições esboçam, porque os partidos acreditam mesmo que ninguém vai se importar com isso.
É o protagonismo feminino! Mulher no topo! Decidindo, abrindo as frentes.
A direita exibe as companheiras, esposas, e mães em seus palanques. O sutil chamado à família que virou discurso batido desde o desfecho do golpe em 2016, estará inspirando os núcleos?
Candidatas também são apresentadas, e os partidos ou seus caciques orientam as pautas e posturas. O cerne da atuação segue os moldes patriarcais.
A esquerda alagoana se mostra reunida em torno de projetos nos quais o protagonismo masculino apenas mostra que tudo continua como dantes, reunindo mulheres que gravitam pelas siglas, sem a menor possibilidade de assumirem frentes; não que elas não sejam capazes de fazê-lo, mas porque não têm espaço e correlação de forças para desbancarem a voz masculina que tem decidido os lugares que possuem maiores representatividades.
Há pouca seiva na representação de gênero no cenário político alagoano. E nós acreditamos que este espaço aberto ainda pode ser ocupado, desde que exista algo mais que adaptação e obediência dentro dos partidos, e o grito feminino/feminista rasgue o conforto dos diretórios e encontre eco além dos guetos.
O eleitorado feminino é extenso, definidor de resultados nas eleições, e não reclama pautas específicas na luta pela igualdade de oportunidades e valorização, validando a força masculina no cenário político-partidário com ares de naturalização, haja vista a escassez de debates e elaboração de perspectivas de lutas com o perfil feminista, desde candidaturas e até eleições de mulheres.
O poder político ainda esmaga a imagem da mulher líder; tolera como parte da cota ou acessório de palanque ou chapa, em muitos casos. A competitividade sequer chega a ser de igual para igual.
Alagoas é um estado machista, e na política partidária muitas mulheres eleitas sequer demonstram ter percepção de gênero.
Mas se cada movimento histórico pode ser uma possibilidade de mudança, que as aguerridas candidatas de agora, formem a plataforma que avançará rumo ao futuro, porque hoje o cenário é majoritariamente regido por homens.
Uma resposta
Só não enxerga que não quer, mas o PSOL é o único partido alagoano que tem uma mulher na chapa majoritária para o executivo, assim como 50% das candidaturas para deputado federal.