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Militarização de crianças na igreja, a Tropa de Cristo

O que virá após a pós-modernidade pode ser assombroso, pois a intencionalidade política e econômica que dirige partes do globo em suas sociedades complexas investem com obsessão nas guinadas medievais, e para isto, as aglomerações religiosas oferecem amplas vias de contribuições.

Talvez a única certeza que tenhamos hoje se refere ao fato de que os moldes políticos progressistas envelheceram e ainda não foram substituídos. Na outra via, as repetições de caminhos antigos são intensificadas e ressignificadas, sem precisar criar nada novo, pois é a reciclagem fundamentalista do antigo que transparece novidade em corpos, mentes e coros juvenis.

Estamos observando o aumento de mulheres jovens que recusam estudo, se aninham como rainhas dos seus lares e parideiras inveteradas, servindo a um Deus que unge o varão e multiplica exércitos através dos seus úteros. Exércitos para a batalha teocrática no mundo, e de modo particular, observamos este intuito no Brasil.

País no qual a manipulação das fake news tocou os corações simplistas, a teia de complexidades políticas anuncia com trombetas a luta de um povo abençoado contra a democracia, as humanidades e as liberdades para amar. É a tropa de Cristo! Assim se anunciam.

Estes exércitos religiosos aliciam elementos da segurança pública, como os militares de Santa Catarina que se deslocam em serviço para assistirem cultos nas Igrejas que se dizem universais, e recentemente, marinheiros foram fazer curso com pastores daquele conglomerado intencional. Tudo para proteger os guerreiros e a nação das forças do mal; alusão subjetiva aos inimigos do poder, entre as quais sempre está incluso o mitológico comunismo.

Uma teocracia evangélica está em curso plena de vigor!

No município de Maceió, capital do estado de Alagoas, onde o prefeito se veste de representatividade desse evangelismo antidemocrático, insuflando eleitores pelas redes sociais, nas quais sempre publica um versículo bíblico diariamente, um dos espaços mais badalados de convivência pública, o Marco dos Corais, se tornou o local predileto para a apresentação de grupos evangélicos, majoritariamente.

Neste território de graças referendado pelo conservadorismo político, assistimos uma apresentação de crianças e adolescentes designados como “Tropa de Cristo”, anunciando a missão de salvar o Brasil.

Equidistantes do Jesus amoroso e bom, os gritos militarizados traziam a anunciação de guerra, uso de espadas cortantes e condicionamento físico para o enfrentamento de “satanás”.

Não é amor. É terror. Dominação de um propagado “bem” que não manifesta piedade, empatia, respeito às diversidades existenciais.

O fundamentalismo evangélico está se organizando cada vez mais. Qual é o intuito dessa militarização religiosa?

Não teremos no globo terrestre feridas abertas a expor os malefícios de misturar domínios políticos com religião?

Na beira-mar de Maceió, entre a beleza do mar e as faceirices da lua no dia 31 de maio, o coro da Tropa de Cristo soava ameaçador.

O que fará um país que tem crianças e jovens odiando a democracia?

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