Pajé alagoano comemora Sônia Guajajara em ministério: ‘diálogo’

Dos três nomes cotados pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) para a assumir a pasta dos Povos Indígenas a deputada federal Sônia Guajajara (PSOL-SP) foi escolhida por Lula (PT).

Na lista dos cotados também estava Joênia Wapichana (REDE-RR) deputada federal não reeleita e o vereador de Caucaia (CE) Weibe Tapeba (PT).

Liderança indígena alagoana, Pajé Celso Xucuru-Kariri da Aldeia Fazenda Canto, no município de Palmeira dos Índios, vê com bons olhos a escolha política. A expectativa é de construção de diálogo e destravamento de questões sobre demarcação e políticas públicas para a população indígena no estado.

O anúncio será feito nos próximos dias. No entanto, ainda com vários debates e incertezas sobre o formato da pasta.

De acordo com informações apuradas pela Folha de São Paulo, o ministério abraçará a Funai (Fundação Nacional do Índio) que está hoje sob o Ministério da Justiça. Porém, há questões burocráticas que precisam ser resolvidas na formulação do organograma da pasta.

Por lei, a Funai é responsável pela demarcação de terras indígenas e o processo precisa passar pela Justiça para ser homologado. Por essas questões, faz parte da discussão que essas mudanças nas instâncias da política indígena pode dificultar outras áreas como por exemplo a pasta da saúde indígena. A Sesai (Secretaria de Saúde Indígena), por exemplo, permanecerá no Ministério da Saúde.

“Temos uma preocupação em entorno disso, não sabemos quais órgãos irão entrar neste Ministério”, explica Pajé Celso Xucuru-Kariri, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Alagoas/Sergipe.

O cenário é de diálogo estratégico entre lideranças. Para Celso a presença de Sônia Guajajara era muito importante dentro do Congresso e sua saída significa enfraquecimento da pauta dentro do cenário político nacional já que a deputada Joênia Wapichana (REDE-RR) está finalizando seu mandato e não conseguiu reeleição.

“A gente fica com uma força a menos, são pessoas que conhecem a luta dos povos indígenas no Brasil. Por um lado é bom (Sônia como Ministra) por outro perdemos força na Câmara dos Deputados Federais”, conclui.

Em Alagoas, o Pajé destaca que há a expectativa de ajuda nas questões que estão travadas no estado em relação a demarcação e avanço de políticas públicas para a população indígena.

“Temos a questão territorial que está travada e que precisa destravar, da continuidade da demarcação. Questões dentro da saúde, da educação, o reconhecimento da categoria de professores indígenas, assistência social e melhoria de vida dos povos indígenas”, esclarece.

“Ela poderá nos ajudar muito nas questões das políticas públicas, no estado será um avanço, podemos ter diálogo e força muito boa para os povos indígenas em Alagoas e Sergipe. Queremos uma política voltada para os povos indígenas no Brasil. Passamos quatro anos sofrendo e é a primeira vez na história que os povos indígenas estão fazendo parte da discussão e tem a condição de articulação dentro do Governo.”

O Pajé, no entanto, faz um chamado aos movimentos sociais de Alagoas e um apelo ao novo governo Lula:

“Precisamos mobilizar os movimentos sociais com os povos indígenas, pois a luta não é só dos povos indígenas é de todos os povos sofridos. Espero que este Governo faça um bom trabalho e que realmente sejamos valorizados.”

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