A crise no Rio Grande do Sul: um olhar sobre a responsabilidade política

Ricardo Lima

A recente tragédia no Rio Grande do Sul, especialmente em sua capital Porto Alegre, exige uma análise cuidadosa das responsabilidades políticas envolvidas. Com as chuvas intensas, barragens que não suportaram a pressão, casas alagadas e centenas de pessoas desabrigadas, é fundamental questionar a atuação dos governantes locais.

Muitos apontam o dedo para o atual governador, Eduardo Leite (PSDB), e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), pelos danos sofridos pela população gaúcha. Uma amiga me perguntou: “Políticos têm o poder de controlar o tempo?” Certamente não. No entanto, eles têm a capacidade de implementar políticas públicas que atenuem os problemas decorrentes das condições climáticas.

A assembleia legislativa já havia alertado o governador sobre possíveis problemas em 2023, sugerindo um aumento nos recursos para a defesa civil e a criação de planos de contingência. Essas sugestões foram ignoradas. O prefeito, por sua vez, firmou acordos com empresas privadas, resultando em desmatamento e desrespeito às alertas ambientais, sem preparar a cidade para as ameaças climáticas.

Há quem critique a polarização política em meio a essa crise, mas não se pode ignorar que cada decisão ou omissão política tem consequências diretas na sociedade. Perguntamos, então: a solução está apenas nos políticos de esquerda? A distinção entre esquerda e direita pode ser um tanto superficial neste contexto, o que realmente importa é o compromisso com o bem-estar coletivo.

Os governantes devem colocar em primeiro plano a dignidade da vida e o bem-estar da população. No entanto, é evidente que muitos dos chamados políticos de direita parecem mais preocupados com interesses pessoais e empresariais do que com o sofrimento da sociedade.

Como estamos em um ano eleitoral, é importante lembrar que este é o único momento em que a maioria da sociedade pode influenciar decisões políticas de forma direta. Ao escolher nossos representantes, devemos considerar as consequências de vender nosso voto ou de trocá-lo por favores imediatos.

A experiência de Maceió com a crise da petroquímica Braskem e seus desdobramentos dolorosos serve como um lembrete sobre os riscos de acordos inadequados entre autoridades públicas e empresas privadas. É preciso escolher governantes comprometidos com a proteção dos interesses da população e do meio ambiente.

Em suma, a crise no Rio Grande do Sul destaca a necessidade de um olhar atento às responsabilidades políticas e uma escolha consciente dos líderes em um momento crucial para a democracia.

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