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Moedas de mendigos e o custo da Justiça em Alagoas

À beira da aposentadoria, um juiz me confessa:

“Não acredito na Justiça”.

Por mais contraditória que seja esta situação, o sentimento é da maior parte da população.

Por mais que alguns juizes façam algum esforço para tornar a Justiça mais justa, na sociedade do espetáculo, Justiça é sinônimo de confete para a plateia.

Isso é Justiça?

Relatório do CNJ, divulgado nesta 2ª feira (4) mostra: o custo de 1 juiz em Alagoas é o segundo menor do Brasil.

Em média, R$ 25.104.

Se o Judiciário envergasse a toga- um gesto de coragem porque vai além do cargo- daria para se perceber a distância entre os mendigos que pedem esmola na praça Deodoro, no Centro de Maceió, e alguns metros adiante o plenário luxuoso do Tribunal de Justiça.

O Brasil é herdeiro do seu passado. O Judiciário é um poder ainda monárquico, de rituais imperiais, distante, frio. Por vezes indiferente.

O mesmo Judiciário rigoroso com Lula é o mesmo ainda injusto com seu Sebastião, que morreu à espera de Justiça pelo filho assassinado. E que o Estado lhe negou até o enterro.

Isso não é injustiça. É crueldade.

É boa a iniciativa do CNJ em divulgar os valores do contra-cheques dos desembargadores. O TJ alagoano faz isso há tempo.

Mas, apenas a transparência não contribui para diminuir a distância do mendigo e suas moedas que ajudam a manter um juiz.

O básico mais básico ainda sequer alcançou essa questão de ser legal ou não.

E isso- mesmo ainda que esteja escrito- tem o mesmo conceito: é injustiça.

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