BLOG

Maceió tem surto de zoonose transmitida por gatos

17 de fevereiro é o Dia Mundial dos Gatos.

O encantamento que estes felinos provocam pelo mundo vai desde o aspecto de fofura que possuem às ideias de independência e desapego que os tornam charmosos e atraentes aos humanos, que deles fizeram parentes, amigos e mascotes. Mas essa não é toda a história.

Neste dia muitas homenagens estão sendo feitas nas redes sociais, pois se os bichanos não leem com certeza já assistem e acompanham seus donos e donas nas rotinas tecnológicas com audiovisuais, ou não.

A amostra acima diz sobre o carinho que celebra a presença do Felis catus entre nós, sociedade contemporânea arvorada em pressa, mas necessitada de beleza, principalmente quando ela ronrona suavemente.

Existem também muitas crenças sobre o poder místico dos gatos no afastamento de energia negativa, que também motiva a adoção dos felinos.

No entanto, algumas controvérsias sobre a forma de criá-los e até mesmo uma séria discussão sobre o impacto negativo da presença de gatos no meio ambiente, sempre vem à tona. O Felis catus não é animal nativo. Sua origem está no Oriente Médio, mas pode ser encontrado em todas as partes do globo.

Por isso é considerado uma espécie invasora que deu certo, mas como são caçadores e ágeis predadores, conseguem abater presas da fauna local, além de competir com outros predadores do ambiente.

O principal risco envolve a predação de répteis, invertebrados, aves e até mesmo pequenos mamíferos.

Gatos domiciliados tendem a viver por mais tempo, sendo alimentados e castrados podem impactar menos o ambiente, embora o instinto de caça não signifique fome.

A preocupação mais latente é com os gatos peridomiciliados ou errantes, que são alimentados por pessoas nas ruas e se reproduzem sem controle, proliferando populações em liberdade nos centros urbanos.

Existem também os gatos que vivem na natureza sem convívio com humanos e se tornam ferais ou asselvajados.

As discussões sobre o bem-estar animal encabeçam as legislações brasileiras que abordam a espécie; e neste caso, existem teorias que defendem uma vida com maior liberdade para os gatos, onde possam desenvolver suas aptidões como caça, arranhadura e escalação de árvores, e outras que entendem este movimento dito “livre” como algo que os coloca em situação de maior propensão à doenças – algumas delas de ocorrência na espécie e até mesmo zoonoses.

Algo inquestionável, porém, é que os indivíduos livres e não castrados contribuem para a proliferação de animais errantes, o que faz com se torne pauta social a busca por políticas efetivas de controle populacional dos gatos domésticos.

Na imagem abaixo, um flagrante do cotidiano felino em uma praça no Conjunto Jardim Vaticano, bairro de Mangabeiras em Maceió.

Ouvimos o médico veterinário Lucas Laurindo, que afirmou considerar menor a preocupação com o impacto negativo dos gatos no meio ambiente, já que os mesmos ajudam a controlar fauna nociva (como ratos) nos centros urbanos,  diante da transmissão de uma zoonose que está ocorrendo na capital.

“Em Maceió está tendo um surto de Esporotricose, que já se espalha pelo estado de Alagoas”.
Micose causada pelo fungo Sporothrix schenckii, geralmente encontrado no solo, Esporotricose é uma zoonose que causa lesão na epiderme, e pode chegar até o osso, a depender da gravidade e outros fatores como exposição e imunidade.

Segundo Lucas Laurindo, “caberia ao poder público viabilizar ações pontuais, já que os cidadãos por si mesmos não conseguiriam arcar com as medidas adequadas, entre elas: castração dos animais para controle da população, campanhas educativas que orientem sobre cuidados com vacinação, vermifugação e acesso controlado às ruas”.

Além das questões que envolvem o bem-estar animal, Maceió lida com uma questão de saúde pública que precisa ser enfrentada com urgência, deixando em alerta a saúde pública estadual, com relação à população de gatos errantes presente na cidade.

Uma resposta

  1. Excelente alerta sobre o cuidado com os gatíneos e, principalmente, a necessidade do poder público atuar nessa frente. Algumas iniciativas pontuais, nas populaçoes de condomínios e veterinários autônomos, lidam com a questão da castração, mas, essa iniciativa ampla deve partir do poder público, inclusive campanhas maçicas para vacinação. O que me preocupa é o extermínio desse grupo de animais quando as crias proliferam e quando surtos como o citado na matéria acontecem. A matéria é um excelente alerta.

SOBRE O AUTOR

..