Governo liberou R$ 1,7 bi a parlamentares antes da votação da denúncia contra Temer

Nas duas semanas que antecederam a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão e Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), a liberação de verba para emendas parlamentares sofreu um espantoso aumento, de acordo com levantamento do deputado Alessandro Molon (Rede-RJ). Os números apontam que R$ 1,7 bilhão teria sido empenhado nos últimos 14 dias.

O levantamento mostra que, em maio, os empenhos somaram R$ 76,7 milhões. Já em junho, R$ 1,5 bilhão; chegando a R$ 1,7 bilhão nos primeiros dias de julho. A votação na CCJ aconteceu dias depois.

A evolução da liberação das verbas, de acordo com o levantamento de Molon

“Pelo aumento explosivo de recursos destinados ao pagamento de emendas parlamentares, fica evidente a tentativa do governo de garantir apoio de deputados para impedir que Temer responda por seus crimes no STF. É uma manobra ilegal e irresponsável, num momento em que faltam recursos para os serviços públicos mais essenciais. Levaremos esse absurdo ao Ministério Público para que seja devidamente investigado”, disse Molon.

Empenhos diários dos deputados, de acordo com o levantamento de Molon

Troca-troca

Além da liberação de verba aos parlamentares, o governo Temer promoveu intenso troca-troca entre os deputados, para garantir a maioria na votação. Mais de 20 deputados foram trocados, o que também gerou protestos e revolta.

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O relator do primeiro parecer, Sérgio Zveiter (que defendia a admissibilidade da denúncia contra Temer e que acabou rejeitado) criticou a estratégia governista de trocar mais de 20 membros da comissão para garantir a maioria dos votos que possam derrubar o parecer. “A derrota que se afigura aqui é uma derrota que foi montada artificialmente. Uma derrota aqui não vai ser do parecer, vai ser a derrota do povo brasileiro que quer uma política limpa, honesta, correta, que repudia que deputados eleitos livremente pelo voto se submetam as manobras de oferecimento de emendas parlamentares e cargos”, declarou.

A denúncia

A denúncia de corrupção passiva foi elaborada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e encaminhada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara, a qual cabe autorizar ou não se o presidente pode ser investigado pela Corte. O parecer aprovado pela comissão, contrário à admissibilidade da denúncia, vai ser votado no dia 2 de agosto, no plenário da Câmara.

Fonte: Jornal do Brasil 

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