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Generais reabrem as portas do terror no Brasil

Ditado comum e antigo das brenhas do Nordeste, sabedoria de quem conhece o tamanho do chão que vive “Quem muito se abaixa, o cu aparece”.

A reunião dos generais na quarta-feira (19), sob a justificativa de analisar a decisão do STF que poderia libertar condenados de segunda instância- e beneficiaria Lula- mostra que o tamanho político do ex-presidente, solto ou preso, interfere nos rumos das instituições. Repete-se a necessidade da Constituição funcionando, dos poderes atuando, da suposta força que o futuro presidente Jair Bolsonaro diz ter para administrar o país.

As forças armadas atuam para manter o ex-presidente preso. E para pressionar, com Bolsonaro, Legislativo e Judiciário em torno das pautas de quem mandará no Palácio do Planalto.

Agachados demais para mostrar a profundidade da nossa democracia, apareceram pontos fracos. Não vale mais o diálogo, e sim a ameaça dos fuzis, do medo generalizado de uma atitude extrema. Não das ruas, mas dos quartéis.

O Brasil virou um laboratório destas experiências estranhas. Como o cidadão que enfrenta os ônibus aos cacos, o trânsito intransitável e atravessa as ruas perigosas interpreta seus próprios representantes? O poder público é apenas a extensão de interesses dos outros ou das estranhas transações. É o desacreditar de um país pelos próprios habitantes. Como não existe espaço vazio, ele vai sendo ocupado por outros interesses, novas formas de pressão, até alcançar as nossas casas, invadir as nossas vidas, impedir nossa liberdade de ir, vir e pensar.

O Brasil abre as portas para a desobediência civil. Um retorno à repressão. As consequências disso estão sendo testadas. A explosão vai ocorrer, apesar de ainda incerta. Mandar uns 100 mil para a cadeia, como quer o filho do futuro presidente, pode ser um caminho de pacificação psicológica. E eficiência questionável.

As rachaduras em nosso sistema estão perfeitamente construídas. Nosso passado desfila entra elas. Para onde vamos?

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