Fresno recebe Lulu Santos no Lollapalooza em show com emo renovado

Uma fina garoa molhava o público na frente do segundo palco mais importante do Lolla, quando o grupo começou a tocar “Vou ter que me virar”, primeira do setlist. Com isso, o setlist foi de uma hora para 40 minutos.

Lucas Silveira teve que se virar com as falhas no microfone nos primeiros versos. Ele apontou para o mic e tudo se acertou a partir dali. Como o vocalista e guitarrista havia dito ao g1, a banda não montou um setlist para o festival. Montou uma nova banda.

Hoje, o Fresno é oficialmente um trio: tem apenas Lucas, Gustavo Mantovani (guitarrista) e Thiago Guerra (baterista) na formação oficial. Percussionista, baixista, tecladista e um quinteto de músicos tocando instrumentos de sopro deram nova cara a músicas antigas e às novidades dos dois álbuns recentes.

Outro reforço desta tarde foi Lulu Santos. Juntos, a banda e o cantor tocaram “Já faz tanto tempo” (do Fresno) e “Toda forma de amor” (de Lulu).

“FUDEU!!!”, de 2021, veio com Lucas gritando “Fora Bolsonaro”. A frase também apareceu no telão e foi repetida por fãs por cerca de 30 segundos. “Manifesto” foi dedicada a Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters, que morreu na sexta-feira e se apresentaria no Lolla.

Em um mundo com Olivia Rodrigo berrando “Good 4 U” no topo das paradas, faz (ainda mais) sentido ouvir Lucas no Lolla cantando que “Quebre as correntes”, o primeiro grande hit da banda, marco zero do emo “mainstream” brasileiro. Os riffs colantes e os versos emotivos botaram para cantar (e chorar) quem usava franja e lápis de olho em 2004.

Se Avril lançou álbum de volta às origens e até Anitta está na onda do pop punk, é natural que festivais como o Lollapalooza se rendam mais ao emo, apelido carinhoso do hardcore emotivo.

“Não existe mais foda do que compartilhar isso com vocês. Eu sei que vocês estiveram com a gente em 20112012… Aqui não tem revival de porra nenhuma, a gente esteve vivo”, disse Lucas, já perto do fim do show.

Com mais de 20 anos de carreira, o grupo gaúcho fez um show para agradar quem chegou cedinho ao Lolla para ver o Fresno; e aqueles desavisados que querem ver outras bandas, mas resolveram dar uma parada para ver aquele som encorpado que estava vindo do palco.

“Como diz Carmen Lúcia, cala boca já morreu quem manda na minha boca sou eu”, disse Lulu Santos.

“Censura nunca mais”, completou Lulu, no final. “A gente vai conseguir, tá começando a mudar”, completou Lucas.

Fonte: G1

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