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Ex-política, Thayse Guedes vira exemplo da nossa anti-democracia

Derrotada nas eleições de outubro, a deputada Thayse Guedes virou bode expiatório na Assembleia Legislativa que, em atitude inédita, exonerou parentes dela e até a babá da sua filha, todos contratados para trabalharem no gabinete da parlamentar durante as férias.

Se Thayse Guedes tivesse sido reeleita, a mesa diretora comandada pelo deputado Luiz Dantas empurraria a sujeira para debaixo do tapete.

Thaíse virou a estrela da Operação Sururugate, da Polícia Federal, que investigou deputados que desviavam partes dos salários dos assessores para os próprios bolsos.

A carreira da deputada, que é deficiente física, terminou melancolicamente. Havia uma diferença na campanha eleitoral de Thayse: manter, no imaginário popular, a vitimização da condição da parlamentar. Conheci pessoas que votavam nela como se assumissem uma culpa inconsciente: “uma mulher tão linda e deficiente física”.

É como se a vaga na Assembleia, dada a Thayse, preenchesse esse vazio dos que sentem pena dos outros, um sentimento cínico de inferiorização da humanidade, de anti-cidadania; um alívio nas consciências de seus eleitores.

Não deu certo. Eleição é debate de ideias. E a jovem Thayse Guedes era apenas mais um dos tantos políticos fisiológicos espalhados pelo Brasil. Que bom não ter sido reeleita; quão ruins os comentários nas redes sociais contra ela; como ainda precisamos aprender mais e mais a respeito da nossa jovem democracia.

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