BLOG

“E daí?” se Bolsonaro e empresários quiserem mais CPFs cancelados?

Jair Bolsonaro e a nata empresarial no Brasil se reuniram com o presidente do STF, Dias Toffoli. Objetivo foi pedir o fim do isolamento social. Lembrando que o STF decidiu que estados e municípios é quem estabelecem as regras deste isolamento, além das recomendações sanitárias exigidas em meio a uma pandemia, ignorada por Bolsonaro.

A um presidente que ignora regras de decoro, comete impunemente crimes de responsabilidade, grita “e daí?” a respeito dos mortos por covid-19, que fala “cala a boca” com os jornalistas e pouco se lixa sobre os cuidados necessários aos mais pobres, apinhados em UTIs na chance de se salvarem, nada mais surpreende.

Um empresário cobrou de Toffoli soluções para que CNPJs não morram. Se um pobre tivesse a chance de cruzar as ricas paredes do STF para se encontrar com o presidente Dias Toffoli, como ele poderia advogar em causa própria ao pedir pela preservação da sua vida (e dos seus), vidas que estão por trás de CPFs?

900 mil de 209 milhões de pessoas neste Brasil são consideradas as mais ricas. É o grupo dos empresários que Bolsonaro liderou, em sua marcha da morte, para o gabinete do presidente do STF. Este grupo não precisa do SUS. Tem uma UTI aérea à disposição, para serem transferidos quando quiserem a São Paulo, onde ficam os melhores (e mais caros) hospitais do Brasil.

Quando um dos seus morre, a sociedade se sente obrigada a prestar homenagens. Governantes têm de emitir notas de apoio. Outros publicam textos com as qualidades do defunto rico- uma pessoa de bem, uma criatura distinta, alguém que fará falta no Brasil. Quando o pobre morre, os programas policiais usam uma linguagem mais jocosa: “Menos um CPF”.

Este Brasil privilegiado que visitou o gabinete do presidente do STF sente pena de si mesmo, dos seus lucros, e garantiu saúde para si. O resto- nós- sempre tem alguém que dirá “e daí?”.

E existem os tolos entre os mais pobres que fazem a defesa da morte…

SOBRE O AUTOR

..