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Delator mostra documentos que reforçam pagamento de propina em AL

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Comprovantes de viagens e de transferências bancárias, além de e mails, estão em poder do Ministério Público Federal, na tentativa de provar que políticos alagoanos receberam propina, na execução de trechos do Canal do Sertão sob responsabilidade da Odebrecht.

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Parte desta papelada é citada em depoimento do executivo da construtora, Alexandre Biselli. Lendo um calhamaço de documentos, ele diz que não se recorda de todos os valores pagos em propina. Diz que o sistema de informática da Odebrecht registrou alguns deles.

Chamado de documento “1J”, há uma planilha com os valores repassados a Alagoas.

Conforme Biselli diz em seu depoimento ao MPF:

“Não me recordo de tudo o que foi pago mas do que está no sistema. Dia 9 de junho de 2014, foi pago um valor de R$ 1 milhão; dia 15 de setembro de 2014, foram pagos R$ 906 mil; dia 13 de outubro de 2014 foram pagos R$ 238 mil. Somando àquela planilha da 26ª [fase da Operação Lava Jato] que eu não achei no sistema, tem um pagamento constando lá no dia 19/11, de R$ 150 mil; do dia 20/11, tudo de 2014, R$ 350 mil e do dia 21/11/2014, R$ 170 mil”, diz, completando:

“Então eu acredito que o que foi pago, somando esse valor dessa planilha, foram estes R$ 2,8 milhões. Acredito que não foi pago nada além disso”.

O pagamento da propina era realizado em um hotel de São Paulo. O executivo da Odebrecht cita Fernando Nunes, que era da Secretaria de Infraestrutura no Governo Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Ele recebia uma senha:

“Foi-me orientado a ligar para uma senhora Lúcia [secretária Maria Lúcia Tavares, do “departamento de propina” da Odebrecht] e dizer para ela que precisava fazer pagamento de X valor, aí dependendo de quanto tinha recebido, aí no caso, 9 de junho, R$ 1 milhão. Ai a senhora Maria Lúcia, não sei como ela tratava isso internamente, depois de um tempo ela me retornou, dizendo que este R$ 1 milhão estava autorizado, que seria pago em algum hotel, senão me engano na cidade de São Paulo, não lembro o nome do hotel e que teria o tipo de uma senha, não me recordo qual. Eu peguei esta informação dela e levei lá para o senhor Fernando Nunes e acredito que tenha sido feito assim o pagamento”.

Biselli diz que não sabia que Maria Lúcia trabalhava em departamento de propina da Odebrecht. Apenas que, com ela, tratava do pagamento da propina para o esquema alagoano da Odebrecht, e Maria Lúcia retornava com uma senha e o local do pagamento.

Ele acredita que o pagamento fosse feito em dinheiro. Segundo ele, nunca houve reclamação para atrasos nos repasses da propina.

O valor pago no dia 9 de junho [R$ 1 milhão] era endereçado a “Bobão”, apelido que consta nas planilhas da Odebrecht ao então governador Teotonio Vilela Filho. Também no dia 15 de setembro [R$ 906 mil]; 13/10/2014 para “Faisão” [Fernando Nunes, R$ 238 mil].

Na planilha da 26ª fase da Lava Jato: registro de 19/11/2014, de R$ 150 mil, para Bobão; 20/11/2014, de R$ 350 mil, para “Fantasma” [Marco Fireman, secretário de Infraestrutura] e 21/11/2014, R$ 170 mil, para “Faisão”.

Os apelidos eram repassados a Maria Lúcia.

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