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Com Bolsonaro, JHC e Lira têm plano para banir os Calheiros da política

A montagem do secretariado dos novos prefeitos de Maceió JHC (PSB) e Arapiraca, Luciano Barbosa (MDB), e as discussões sobre mudanças na equipe do governador Renan Filho (MDB) estão afinadas com um cenário em construção, o de 2022.

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2021 é a vitrine das eleições majoritárias. E todos buscam aparecer bem para os eleitores.

Os ajustes dos partidos na máquina pública mostram, por exemplo, que o PDT de Ronaldo Lessa ficou de fora da indicação das principais secretarias. Isso interfere na posição do vice de JHC para 2022. O senador Renan Calheiros (MDB) acompanha as costuras e busca aproximação com Lessa. Ele é visto como um bom candidato ao Governo, sucedendo Renan Filho.

Em Arapiraca, os vereadores e os partidos que apoiaram a eleição de Luciano ficaram de fora das indicações das principais secretarias. As escolhas, claro, não são permanentes. Barbosa busca voo solo na política após romper com os Calheiros. Seus passos são comparados aos da ex-prefeita Célia Rocha, aliada do atual prefeito, abatida em pleno voo pelas principais lideranças políticas alagoanas.

Há também a expectativa em torno do futuro do bolsonarismo. Flávio Moreno, que se coloca como representante do presidente Jair Bolsonaro em Alagoas, amargou uma derrota acachapante na disputa por uma vaga na Câmara de Vereadores da capital. Obteve pífios 3 mil votos. Em 2018, ficou com 140 mil votos ao Senado. Josan Leite, também representante de Bolsonaro, teve 23 mil votos na disputa à Prefeitura de Maceió bem distante dos 143 mil na eleição ao Governo em 2018.

Majoritária

2022 será uma eleição dramática. Pesará o decisivo apoio de governadores e prefeitos, senadores e deputados, condicionados a um alinhamento nas majoritárias, tanto nacional como estadual, anulando as chances dos pequenos partidos e blocos. Em 2022, valerá a exigência da cláusula de barreira eleitoral, cobrando de todas as legendas 2% dos votos nacionais, no mínimo, na chapa de deputado federal, mais ou menos 2 milhões de votos.

Na eleição municipal passada, dos 30 partidos registrados no TSE, 16 não alcançaram o teto mínimo dos 2%; abaixo disso, as legendas menos votadas ficarão sem fundo partidário e tempo de rádio e TV. Dificilmente os pequenos partidos se aventurarão em candidaturas próprias nacionais para “marcar posição”.

Para 2022, a anunciada candidatura de Bolsonaro para um segundo mandato obriga a todos os demais partidos e personalidades a se posicionarem.

Mesmo com o bloco bolsonarista original dividido, depois das muitas denúncias contra a família presidencial e das perdas com a saída de Sérgio Moro e da aliança do presidente com os partidos considerados fisiológicos do “Centrão”, o atual presidente é detentor de, pelo menos, um terço dos votos, o que garante sua ida para o segundo turno, como mostram todas as pesquisas.

Em 2022, a campanha de Bolsonaro deverá ser sustentada pela aliança nacional entre os partidos Republicanos, PRTB, PSL, PSC e Patriotas.

Os eleitores mais conservadores, decepcionados com Bolsonaro, buscarão uma alternativa, que já foi Sérgio Moro, mas que poderá ser outro nome da direita “raiz”. O partido Novo promete repetir sua candidatura, assim como alguns nanicos.

No lado da oposição, dois blocos maiores estão se formando, um considerado de centro-direita liberal, com a provável candidatura do governador de São Paulo, João Dória, ou do apresentador Luciano Hulk, atraindo o PSDB, o MDB e o DEM para a mesma chapa.

Pelo centro-esquerda, está aberta a disputa entre o projeto Ciro Gomes, com apoio do PDT e PSB, podendo atrair a REDE de Marina Silva e outros partidos menores; e, no outro bloco, a aliança PT, PCdoB e PSol.

Nacionalmente, os partidos mais à esquerda já estão num processo de aproximação, na tentativa de formar outra frente competitiva. Sentindo a firmeza do projeto Ciro Gomes, eles discutem uma alternativa para 2022, com três nomes prováveis para a disputa: Fernando Haddad, Flávio Dino e Guilherme Boulos.

Como o PSol e o PCdoB precisam alcançar os 2% do eleitorado nacional, circula a ideia de que o PSol poderia lançar Guilherme Boulos a federal, assim como o PCdoB deverá apresentar Flávio Dino e Manuela D’ávila, à Câmara dos Deputados.

Os três se elegeriam e ainda ampliariam a bancada dos dois partidos. Juntos no mesmo bloco, os partidos de centro-esquerda polarizariam e iriam para o segundo turno, mas, divididos, abririam as portas para a candidatura dos partidos de centro-direita não bolsonarista.

Esse quadro nacional influenciará o embate local alagoano. O apoio a Bolsonaro virá das pequenas legendas de direita, que mostraram pouca força na última eleição, e dos partidos do Centrão, mas sem muito entusiasmo, tendendo as legendas deste aglomerado a se dividirem no apoio a uma candidatura de centro-direita, englobando conservadores e liberais anti-Bolsonaro. A chapa articulada nacionalmente e apoiada pelo MDB/PSDB/DEM deverá ter a sustentação local, ainda que em palanques diferentes, do senador Rodrigo Cunha, do governador Renan Filho e do ex-prefeito Rui Palmeira. Se se consolidar, a candidatura de Ciro Gomes poderá ter o apoio do bloco PDT/REDE, liderado pelo ex-governador Ronaldo Lessa. O PSB de JHC ainda é uma incógnita nesse apoio; a candidatura de esquerda deverá ser apoiada na aliança entre o PT, PSol e PCdoB.

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