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Brasilidade política possível

Os que se julgam liberais no limiar deste século, e por azar dos demais, compõem o conjunto da população brasileira, costumam divulgar um lobby de modernidade, que é muito fácil de desconstruir, pois os tais, conseguem vislumbrar o propalado “desenvolvimento” do país passando por cima de povos, direitos e indicadores de civilidade, no intuito de engrossar o caldo lucrativo do impessoal sistema capitalista.

Um país fadado a não ter autonomia econômica e política, é o seu ideal?

Como refletir sobre o país continental chamado Brasil, sem roçar os pormenores da sua história, demografia, culturas e vivências?

Será então a solução desconsiderar as partes, e deletar o todo da plataforma de conquistas sociais e lutas categorizadas, em nome de um sujeito sem rosto, com enormes mãos para tudo abarcar e levar para longe das nossas vidas reais, como o mercado internacional?

Se hoje somos as consequências do que fizemos e deixamos outros fazerem ontem, estaremos entregando até o nosso próprio amanhã nas possantes mãos de um estrangeirismo arrogante e ganancioso, que nos vigia de perto, no intuito de podar qualquer pequeno arroubo de libertação?

Quando nossos olhos revelarão às consciências os muros de contenção erguidos dentro de nós mesmos, para que acreditemos ser participação política reproduzir opiniões forjadas pelos quatro cantos do mundo, servindo sem perceber, aos que nos exploram e roubam milenarmente?

Em qual recanto cognitivo se aprisiona o senso de brasilidade que poderia nos impulsionar, desde o voto ao piquete?

Afastar um pouco o olhar é estratégia acertada para compreender as possibilidades de cores que uma aquarela pode nos oferecer.

Saia um pouco do gueto, e busque com calma, ouvir o grito de quem apenas perdeu, e ainda assim, continua precisando ganhar algo, nem que seja esperança de continuar.

Se permita erguer o nariz para fora do seu grupo ideológico e perceba que por trás dos fenômenos de força, há fraqueza, e os caídos, são um exemplo de nós mesmos, quando arrebanhados pela crueldade que nos convence sobre sermos melhores que os demais.

Agora não falemos mais de emoções ou crenças, deixemos a razão seguir seu curso. Política e economia precisam ser compreendidas como plataformas das existências sociais.

Se há feiura e corrupção, não desintegremos nossas energias destes fenômenos como ilusória assepsia, pois produzimos e reproduzimos a vida a partir das forças empregadas no funcionamento destas ciências feitas materialidades, portanto, somos políticos e econômicos, como somos também crenças e emoções, tudo faz parte de nós. E o melhor: podemos dar conta disso tudo!

Urge que nos interessemos pelos dias que seguem, assumindo a força participativa que nos competem no cenário do mundo.

Tenhamos vozes, não esgares!

Identidades, não formas!

Brasileir@s, não fantoches!

 

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