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Alain Oliveira: Sobre a futura “ministra” Damares

Alain Oliveira- Teólogo

Ela viu Jesus num pé de goiaba, mas parece que não consegue vê-lo no rosto do menor da favela que entra para o tráfico, do trabalhador e da trabalhadora sem terra/teto e de todos e todas que de alguma forma vivem debaixo da opressão.

Se ela de fato teve uma experiência religiosa assim, ainda que eu a considere esdrúxula e risível, não questionaria a veracidade daquilo que ela viu, (esquizofrenia?) justamente por tratar experiências religiosas dentro do campo da pessoalidade.

E se for convidado a questionar, faço isso a partir do meu ponto de vista, o que não quer dizer que seja o correto.

Mas a partir de tal fala e conhecendo um pouco do trabalho da futura ministra como assessora parlamentar e articuladora da frente parlamentar evangélica em Brasília, questiono a sua fala a partir de tal provocação:

– Quem se considera salvo e não trabalha pela salvação de um não salvo, não faz bom uso de sua missão.

Trago dois exemplos, um no campo religioso e outro a partir da realidade que nos cerca:

– Se sou seguidor de Cristo e isso é bom para a minha vida, não posso desejar que o bandido seja morto. Da mesma forma que fui abraçado por Cristo, ele também pode ser.

Há alguns dias li um relato de uma jovem na internet dizendo que nunca poderá desejar tal coisa, principalmente por ter um pai que na sua juventude se envolveu com o tráfico no Rio de Janeiro e hoje é membro de uma igreja evangélica.

A graça de Cristo é escandalosa e ponto final.

– Se sou fruto de uma escola pública e me criei num bairro de periferia, onde faltam ações efetivas dos governantes, tentarei salvar o máximo possível de jovens que se perdem por outros caminhos que não são o da educação. Só a educação irá salvar as periferias de todo o Brasil.

Quem foi salvo por ela tem por obrigação repassar conhecimento, para que outros também possam desfrutar dessa evolução.

Mas ao que parece esse tipo de visão falta a ministra e aos que lhe cercam. O discurso de Cristo é corrompido e faz dele um tirano e não a expressão de amor do Deus Pai. Quanto aos direitos humanos nunca correram tanto risco mais do que nunca é preciso lutar pelas minorias.

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