A quem Bolsonaro quer atingir com sua ‘ira santa’?

Quais alternativas restam a Jair Bolsonaro, presidente da República mais impopular desde Collor, com um PSL dividido, uma fragilíssima liderança política no Congresso e sem plano de Governo, a não ser investir em teorias da conspiração ou clima de terrorismo, como sua mais recente declaração:

“O Brasil inteiro está sem dinheiro, obrigado pela pergunta [diz ao repórter]. Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Os ministros estão apavorados. Estamos aqui tentando sobreviver no corrente ano. Não tem dinheiro e eu já sabia disso. Estamos fazendo milagre, conversando com a equipe econômica. A gente está vendo o que a gente pode fazer para sobreviver”.

Sem plano de Governo, investindo no senso comum, como o velhíssimo conflito Sudeste x Nordeste (Norte), Bolsonaro tem como uma das poucas saídas as redes sociais, onde não precisa interagir ou debater, apenas manter o clima de instabilidade ao apostar no “quanto pior, melhor”.

Ao interferir na Polícia Federal ou na Receita Federal, tentar salvar os filhos; ao buscar garantir o filho na embaixada brasileira nos EUA, quer oferecer o filé mignon só para ele; ao proteger Sérgio Moro da #VazaJato, blinda a si mesmo (e os filhos) em torno da popularidade do ministro.

Parece que, lá no fundo do seu subconsciente, Bolsonaro sabe que não poderá manter por muito tempo esse clima de caça aos intelectuais ou aos comunistas.

Porque a necessidade das ruas vai aumentando a bolha de insatisfação nas redes sociais.

É quando o real e o virtual vão se encontrando.

“E chegamos! Aonde? A gente chega, é onde o inimigo também quer. O diabo vige, diabo quer é ver…” (Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas).