Advogado descarta participação de promotor

Contactado, o promotor negou relação com o caso e uma carta, escrita do próprio punho de Sânia

Ouvido, o advogado de Sânia Tereza, Raimundo Palmeira, descarta participação do promotor Cyro Blater na trama.

“O advogado diz que o Cruel teria recebido um benefício, delação premiada. Chequei essa informação. Não procede. Acredito que o advogado usou o nome do promotor por bravata”.

Contactado, o promotor negou relação com o caso e uma carta, escrita do próprio punho de Sânia: “Estou sabendo disso agora”. Segundo ele, a direção do presídio enviou ofício a ele, sobre o assunto. “Encaminhei pedido de investigação ao delegado Geral da Polícia Civil, José Edson, e cientifiquei o juiz da Vara de Execuções Penais, Braga Neto, sobre este assunto”, resumiu.

Como soube da história?
Foi enviado um ofício para mim, bem superficial. Relatava que a ex-prefeita estava sendo alvo de extorsão. Encaminhei o caso a autoridade policial, ao delegado Geral José Edson.

É citado que o senhor teria oferecido o benefício da delação premiada a um doa acusados do crime, o Cruel, e isso foi usado como vantagem na conversa do advogado com a ex-prefeita. Confirma a delação premiada?
Esta investigação tem detalhes que não podem ser divulgados. Pedi abertura de investigação.

Se o advogado for chamado a se explicar ao delegado Geral e confirmar o seu nome, nessa história, o que fará?
Vamos aguardar as investigações. Não posso me pronunciar sobre esse caso por ele ser segredo de Justiça. Tenho uma posição jurídica nisso: fui um dos que denunciou a Sânia. E o trabalho realizado foi técnico. Não tem achismos.

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Há uma informação de que o senhor teve um encontro com a Sânia. Ela ficou nervosa e fez desabafos. O que diz disso?
Não teve desabafo, é uma situação de estresse. Estava do lado de fora da cela, perguntei como ela estava. Tudo isso tem testemunhas. Ela falou bastante. Não abri procedimento. Encarei como estresse.

A facilidade de entrar na cadeia

Uma história chama a atenção: a facilidade- ou a facilitação- para que o advogado que teria ameaçado Sânia teria entrado na cadeia e ter o diálogo com a ex-prefeita.

Segundo as normas do presídio Santa Luzia- onde está Sânia- qualquer advogado ou parente só pode conversar com o preso se ele, o preso, quiser. A ex-prefeita não teve opção- foi levada a ver o advogado.

Raimundo Palmeira disse que Sânia não autorizou a visita dele.

“Pelo que sei ele se aproveitou da mudança de plantão. Eu acho que ele se identificou como um dos advogados de Sânia, ou usou o nome do Welton Roberto ou do escritório do Adriano Soares ou o meu mesmo. É o que eu acho”.

É tão fácil assim entrar no presídio? “Eu entro, as pessoas me conhecem. Se disser que é advogado, entra”.

O promotor da Vara de Execuções Penais, Cyro Blater, nega a informação do advogado de Sânia- sobre a facilidade de entrar no presídio.

“Se chegar lá, é identificado e o preso é comunicado para saber se quer receber o advogado. Se o preso disser que não recebe, não recebe”.

Ouvido pela reportagem, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, Omar Coêlho de Mello tomou um susto ao ouvir a história. Ele anotou os dados do advogado, repassados pela reportagem: o nome completo, número da matrícula na OAB (5172/AL) e o nome do escritório onde trabalha.

“Vamos abrir procedimento para apurar. Se aconteceu, ele será expulso da OAB”, resumiu.

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