Arthur de Alencar em poesia

Criança.

O gato estava passando na rua
quando foi capturado por uma criança aparentemente insensível
que tinha como prazer maior a subjugação total do mais fraco;
o indefeso gato
de no máximo três meses
foi pego pelas patas de trás e jogado para cima com toda força possível,
ele girava várias vezes antes de cair no chão
e por mais que tivesse a habilidade de sempre cair de pé,
suas patas não suportavam a força do baque e cediam para os lados
deixando o queixo responsável pela absorção dos impactos
contra o piso de cimento,
o menino que torturava o gato
gozava da proteção histérica de sua mãe
que dava crédito divino a sua palavra
e transformava em inimigo
qualquer ser humano que viesse alertá-la
sobre as atitudes diabólicas de seu filhinho querido;
o menino percebeu
que o gato já não esboçava nenhum esforço para fugir,
estava paralisado e tremia feito uma britadeira,
então olhou no rosto do coitado
e percebeu que sua boca espumava
uma mistura de saliva e sangue que coloria suas gengivas
e cobria metade de seus pequenos dentes,
a cena foi tão terrível
que a criança reconhecendo a fragilidade do gato
como algo que também carregava,
entrou em estado de profundo arrependimento
e fitando os olhos do gato indagou: “Meu Deus, o que foi que eu fiz com o bichinho!?”.

Meu nome é Arthur de Alencar, tenho 24 anos, sou casado, poeta, autodidata e amante dos estudos políticos. Escrevo poesias e textos que são verdadeiros exames de consciência, que desenvolvem, ampliam e organizam meu auto-conhecimento, devolvem meu auto-controle, restauram minha confiança e afirmam o meu ser.

.