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Voz de Mulher

Apenas uma voz de mulher, nascida na dureza do Nordeste cru, falsamente verde, embebido em histórias de canaviais e crimes hediondos, é a minha voz.
Com a missão da escrita para “desamargar” esta lida, e quando for lida esperançar alguma beirada de alma que pena, que se deixa seduzir pela poesia do recomeçar.
Você consegue enxergar quantas mulheres falam em mim?
Você consegue arrepiar os pelos ao imaginar suas saias rodadas, suas blusas amarfanhadas, seus cabelos enrolados em ervas, seus olhares de esgares profundos, com asco do mundo, com odor imundo trazido por um vagabundo?
Esta raiz me fez porta-voz de desconhecidas fulanas, de palavras engolidas com sangue, de lamentos e xingamentos, de violências sentidas e desejadas, de experiências ansiosas por justiça e redenção.
A mulher nordestina de morte entende.
A mulher nordestina é fonte de vida.
Você consegue enxergar esta mulher?
Boca leviana para acusar nunca faltou na história de quem luta e sofre a dor de amar na terra e no céu.
Mulher é alvo de flechas desconexas, vindas de arraigadas misoginias.
Porque nos querem em fileiras, em encaixes sem asas.
Ser esta mulher de tantas me acalanta!
Ser esta mãe de muitos filhos me renova o brilho!
Chegas a pressentir o que incomoda?
É a voz.
É a palavra!
Mulher de fala própria!
Abençoadas sejam as mulheres que unificam corações e abrem asas.
Amém!

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