Usuária do Bolsa Família acusa agressão e ameaça de psicóloga no CRAS

Ao tentar atualizar os dados no programa Bolsa Família, uma usuária alega ter sido maltratada e ameaçada por uma psicóloga do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Cidade Sorriso, no bairro do Benedito Bentes.

Segundo a beneficiária, a profissional disse ter acesso a todos os seus dados e, caso não “colaborasse”, transferiria a mulher para um CRAS mais distante, o que dificultaria o acesso ao Bolsa Família.

De acordo com a SEMDES (Secretaria de Desenvolvimento Social, Primeira Infância e Segurança Alimentar) a usuária não aceitou as orientações e exigiu mudanças que a técnica não poderia fazer.

A versão da beneficiária é diferente:

– Recebeu uma mensagem pelo aplicativo do programa federal solicitando que comparecesse ao CRAS;
– No local, foi encaminhada para uma psicóloga;
– No consultório, diz ter cumprimentado várias vezes a profissional, que permaneceu em silêncio, acessando o Instagram;
– Quando a psicóloga lhe deu atenção, pediu o CPF. Ao procurar na bolsa o documento, a profissional foi rude: perguntou porque a mulher não sabia os números do documento de cor.
– A partir daí, os desentendimentos começaram.

– “Você é o quê?”

– “Psicóloga”, respondeu a profissional.

– “Não é assim que um psicólogo atende as pessoas”, respondeu a bolsista, que perguntou o nome da profissional.
A psicóloga respondeu e perguntou o nome da usuária. Antes da resposta, a profissional acessou o computador:

– “Tenho todos os seus dados aqui. Seu nome, seu CPF, seu endereço”.

A usuária entendeu o gesto como ameaça e questionou a posição da psicóloga: “Entenda como quiser”, respondeu.
A psicóloga questionou se a usuária gostaria de encerrar o atendimento ou ser colocada num CRAS mais distante. Ainda apontou para uma placa, informando sobre punição por desacato quem agredisse funcionários do CRAS.

Ao acessar a renda, a psicóloga informou que ela recebia R$ 500 e não morava sozinha. A bolsista, no entanto, disse que havia procurado o CRAS outras vezes e nunca conseguiu atualizar os dados. Hoje ela não tem renda e mora sozinha. Perguntou se a psicóloga poderia fazer a atualização dos dados. Recebeu um “não” como resposta porque “a usuária havia autodeclarado aquele valor de renda”.

Ao sair do atendimento, disse que se sentiu “arrasada” e relatou o ocorrido para outros funcionários, que ofereceram um copo d’água para acalmá-la.

Em nota, a SEMDES informou que a usuária passou por um atendimento técnico padrão. E a psicóloga negou as desavenças.

“A Secretaria de Desenvolvimento Social, Primeira Infância e Segurança Alimentar (Semdes) esclarece que a usuária buscou o CRAS com o objetivo de verificar a situação de bloqueio do Programa Bolsa Família. No local, foi realizado o atendimento técnico padrão, explicando sobre as regras de aprovação do programa e sobre a situação de averiguação unipessoal, que está acarretando bloqueios e cancelamentos. Entretanto, a usuária não aceitou as orientações e exigiu que fosse feita a alteração na sua renda declarada no Cadastro único. Porém, as informações do cadastro único são autodeclaratórias e não cabe à técnica de plantão realizar essa alteração, mas repassar as informações das medidas necessárias ao usuário, como foi feito.

Caso a usuária ainda tenha dúvidas sobre a situação do seu cadastro, o CRAS Cidade Sorriso está à disposição para novo atendimento técnico e esclarecimentos.”

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