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Uma crônica existencial curta

Uma inquietude não-poética adentra a casa mental por não poder dizer que o império da mentira às vezes passa pela porta das nossas vidas tentando ocupar espaços à força e se não consegue tal intento, ainda assim bagunça, desarruma, desconcerta, porque passamos muito tempo acreditando na verdade além da nossa e baixamos a guarda por ingenuidade.

O vendaval leva os distraídos. A serventia do caos é instigante ária, trazendo notas de competitividade que recuso por representarem excesso de bagagem, pesos que se tornariam inúteis.

Quero mesmo é escrever sem prêmios porque recupera os dias nos quais andei na chuva por escolha e prazer! Eis o que escrevo: o prazer de me molhar!

A vida é brevidade, por mais alongada que seja, por mais que se estique o ar. Rápido é o luar!

Desejo um fórum poético que reúna palavras vagas, libere as bocas do comum e não discrimine as falas rebuscadas, eis o sonho que me faz sorrir!

Amo verter um vocabulário pleno, com verborrágicas constelações, um ninho de estrelas meninas que brilhem sem sono até os primeiros raios do sol.

O mundo parece ter perdido a graça quando sentiu a ameaça de consumir menos. Eis o que buscam as multidões ansiosas por gastarem o tempo.

De cá tenho recorrido aos segredos das folhas, ao sagrado das falhas.

Tenho projetado um escrito comprido, como um grito de alma penada, como um berro, um esgar, um ronco. Algo que represente os tiques que movem a natureza mista do meu ser, e no máximo balbucio uma prosa e dou-me por contente.

Denunciei minhas tristezas de gente. Revigorei minha linguagem sem lentes, em movimento rente ao chão. Ergue-se a poética sem rima, porque aqui quem manda é a vida, pura e simplesmente. Somos eco.

2 respostas

  1. Querida Ana, quanta riqueza! Quanta beleza! Sinto-me honrada por este presente, pela sua amizade, por aceitar-me como sou. Que as bênçãos de Deus desçam sobre você e seu lar. Que a paz sempre mova você e que a Luz ilumine o seu coração, agora e sempre!

  2. Tamanha beleza e simplicidade para registrar o grito da poesia da resistência. Tu és o nosso prêmio literário da vida.

    Sincero abraço!
    AnaLuizaMarcolino

SOBRE O AUTOR

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