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Um palhaço na mediúnica

Existe um ponto que reúne o melhor de mim nesta curta jornada pelas estradas pedagógicas da vivência espírita: a mesa mediúnica!

Lembro como agora da primeira participação, e como aquilo mudou minha percepção de mundo, com um sentimento de vastidão insondada para tão distante de todos os conceitos construídos pelos setores formais aos quais me ligava.

Ainda não tinha me separado fisicamente do amado filho, nem do amado pai. Embora já tivesse me despedido de tantos outros amores. Contudo, aquela experiência de contato com espíritos desencarnados ali manifestos, me enchia de alegria!

Em uma daquelas noites tive um encontro especialmente alegre com um espírito que na última encarnação, assim ele afirmava, havia sido um palhaço.

Através dos olhos da médium pude ver sua tímida graça, afirmando que sentia vergonha de dizer o que havia sido porque temia que as pessoas encarnadas não o levassem a sério.

Nosso diálogo fluiu leve. Ele não estava ali buscando doutrinação, nem ajuda para encontrar a luz, nem mesmo para falar de saudade, estava apenas falando sobre si, livremente.

Falou sobre o que gostava, o que o fez feliz na Terra, e como se sentia diferente ali como espírito que havia flamejado um corpo terreno de palhaço. Mesmo na condição de desencarnado ele temia os preconceitos dos trabalhadores do centro espírita.

Claro que naquela época eu não entendi muito bem aquele temor, e também sorri junto com ele, um agradável ser que apenas visitava aquela reunião, e nada pedia, somente oferecia seu bom humor.

Nos despedimos e guardei nos meus arquivos este encontro singular. Passam os anos, as coisas mudam, as relações se alteram, e hoje me afirmo o quanto desnudo a morte do sentido religioso, a cada dia com mais convicção.

Assim como nascemos para experienciar este mundo, desencarnamos para experienciar outras performances, outras vivências. Existir é anti-dogmático! É natureza simplificada. É fato. Tudo mais é burocracia e exercício de poder.

Quando desencarnar e porventura estiver a passeio por aqui, podendo visitar uma mesa mediúnica vou dizer que nesta encarnação fui poeta, gente que escreve e sonha, sonha escrevendo e assim eterniza a sutileza da flama, a liberdade de apenas ser.

 

Uma resposta

  1. Que lindo, @AnaCláudia! “A natureza ê simplificada. Tudo mais é bufocracia e e e exercicio de poder”. Amei isso, reflete como sinto e vivo. Obrigada, flor! Valéria

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